Mais de 400 pessoas ficaram desabrigadas e dois idosos morreram após um dia de fortes chuvas do último final de semana, 8 de dezembro, na cidade de Angra dos Reis, estado do Rio de Janeiro. A falta de estrutura para prevenção de desastres na região, que recorrentemente é palco de desastres relacionados a eventos naturais extremos, não suportou os 250 mm de chuva que caíram durante 24 horas e que resultaram na elevação do rio Bracuí.
A prefeitura da cidade decretou estado de emergência e quatro escolas municipais da região estão com atividades suspensas devido ao desastre. O Centro Municipal de Educação Infantil (CEMEI) Sergio Louzada Tavares está servindo de abrigo, o CEMEI Julia Moreira da Silva está servindo como ponto de distribuição de doações, o CEMEI Professora Silvana Helena está em manutenção, enquanto a Escola Municipal Francisco de A. Oliveira Diniz segue com acesso bloqueado.
Os diversos problemas com o clima não são novidades para a população que já sofreu com diversas tragédias semelhantes, enquanto o velho Estado é conivente com estes acontecimentos. No final do ano de 2009, a chuva provocou dois deslizamentos levando ao óbito de 53 pessoas e mais de 3 mil desabrigados. Anos antes, em 2002, um deslizamento ocasionou a morte de 40 pessoas e mais de 1,2 mil desabrigados.
Os fenômenos da natureza, como a chuva, continuarão acontecendo, porém a responsabilidade destes desastres ocorrerem é unicamente do velho Estado, que se recusa a criar medidas para evitar que a população seja tão atingida nas épocas de chuva intensa, ou até mesmo a realocar a população mais vulnerável que mora em locais de risco, como barrancos e beiras de rio, e assim evitar tragédias que se tornam frequentes na vida das massas da região, apenas atuando de forma reativa disponibilizando valores que não conseguem preencher a necessidade do povo depois dos fatos já consumados.
Nos últimos anos, o nível de investimentos para prevenção de desastres caiu de forma avassaladora no País. De R$ 11,5 bilhões em 2013, o montante caiu para R$ 1,2 bilhão em 2023. A explicação é clara: enquanto a prevenção de desastres não gera um retorno aos governantes, a política do “deixar a coisa rolar” favorece a casta política, sobretudo por meio dos saldos eleitorais adquiridos nas coberturas de grandes operações de resgate. Além disso, é claro, a destruição das casas para sua reconstrução posterior favorece os magnatas de grandes empreiteiras, imobiliárias e outros setores envolvidos na “recuperação” dos danos.
