RJ: Mais mortes no rastro da intervenção militar

RJ: Mais mortes no rastro da intervenção militar

Mãe chora diante do filho baleado em tiroteio no Complexo do Alemão, zona norte do Rio.

Ao menos 3 moradores mortos em operação policial, no Complexo do Alemão

Pelo menos 3 moradores do Complexo do Alemão foram assassinados durante operação de guerra da Polícia Militar e sua “Unidade de Polícia Pacificadora” (UPP), comandada pelas Forças Armadas, no dia 16 de março, no acesso da favela Nova Brasília. Entre os mortos, está um bebê, de um ano, com um tiro na cabeça. Ao todo foram 10 moradores baleado, dentre um menino de 11 anos, que sobreviveu.

Uma das moradores mortas durante a operação, Maria Lúcia da Costa, 58 anos, chegou a ser socorrida, mas morreu no Hospital Getúlio Vargas. Outro assassinado foi o eletricista José Roberto da Silva, de 54 anos, que já chegou na unidade sem vida depois de passar pela Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Complexo do Alemão.

O caso mais chocante foi o do menino Benjamin, de apenas um ano e sete meses. Ele passeava com a mãe em um carrinho de bebê quando foi atingido por um disparo fatal na cabeça. O menino foi enterrado no dia 18/03, no Cemitério do Maruí, em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro.

— Eles não querem nem saber, vão largando o dedo em cima dos moradores, para cima dos caras. Eles não querem nem saber — denunciou um homem, em frente à UPA do Alemão.

— Meu filho morreu na sexta-feira e até agora ninguém falou nada. Ninguém me procurou. Nenhuma autoridade. Hoje meu filho vai ser enterrado e depois acabou. Fica para a história e a lembrança passa com o tempo. Vai virar mais um. Foi a violência do Estado que matou meu filho e eles estão quietos. Eles matam o seu filho e nem mesmo te procuram para oferecer uma mínima assistência. Eu estou pagando o enterro com a ajuda de amigos, parentes e de pessoas do Rio e de São Paulo que ficaram sabendo da nossa desgraça e estão nos ajudando — diz o pai de Benjamin, o gesseiro Fábio Antônio da Silva, de 38 anos.

— Eu vi a morte do meu neto! O outro [policial] rasgou a minha blusa, me deu um tapa na cara — desabafou a avó de Benjamin, após a morte da criança, ao monopólio de imprensa.

Na terça-feira (19) outra criança foi baleada, dessa vez no bairro Nova Cidade, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio. Por volta de 21h, um carro passou pela Rua União atirando contra as pessoas que passavam pelo local. O menino Isaac, de dois anos, e seu pai, Luciano Conceição da Silva, de 29 anos, foram atingidos. Luciano morreu ainda na UPA e o menino foi levado para o Hospital Estadual Alberto Torres, no Colubandê. Mesmo após ser submetido a uma cirurgia, o estado de saúde de Isaac é considerado grave.

Outros dois homens, Ferret Damasceno Lessa, de 20 anos, e Luiz da Boa Morte Augusto, de 58 anos, foram baleados e morreram antes mesmo de serem socorridos. O crime foi atribuído por moradores a um grupo de extermínio que atua no local.

Benjamin, menino de um ano e sete meses foi assassinado durante a operação da PM

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