RJ: Massas se rebelam contra trens parados, queimam barricadas nos trilhos e destroem estação

RJ: Massas se rebelam contra trens parados, queimam barricadas nos trilhos e destroem estação

Povo se rebela contra serviço precário da Supervia. Foto: @g_labarba/ Reprodução Twitter

Na capital do Rio de Janeiro, em 10 de novembro, às 6h30 da manhã, as massas de trabalhadores se rebelaram contra a precarização do transporte público, após um trem da Supervia ficar parado por mais de 30 minutos no meio do trajeto. As massas, que se deslocavam para seus locais de trabalho, foram obrigadas a descer do trem em meio aos trilhos. Revoltados, os trabalhadores incendiaram barricadas de galhos e avançaram contra as estações.

Após ficarem parados dentro do trem lotado e fechado no ramal Santa Cruz, os trabalhadores abriram as portas com os recursos de emergência dos vagões e tiveram que descer do trem, caminhando até a estação mais próxima. Tiveram de pular do trem senhoras e senhores anciãos, assim como mães que carregavam seus filhos no colo, além de  caminhar por mais um longo trajeto sob o sol. O informado pela Supervia foi de que o freio do trem estava sem funcionar, porém nenhum funcionário da empresa foi enviado para resolver a situação.

Revoltados contra a situação, trabalhadores ergueram barricadas em chamas pelo caminho do trilho e, na estação de Deodoro, cujo trem também ficou parado por horas após o problema técnico no meio dos trilhos, o povo se rebelou atacando o trem, a estação e ateando fogo à objetos no local. Foram afetados no total três ramais pelo descaso da Supervia: Santa Cruz, Japeri e Paracambi. 

Supervia: mais um monopólio prestando serviços precarizados

A revolta dos trabalhadores é fruto de um acúmulo de insatisfações e aborrecimentos, além de ódio pela forma com que são tratados diariamente pela Supervia no Rio de Janeiro. São comuns paradas inexplicadas nas viagens diariamente, que chegam a quase uma hora, assim como a péssima qualidade da condução, entre outros problemas. Esses problemas persistem após o aumento da passagem para R$ 5, em março desde ano. O monopólio Supervia, por sua vez, pretendia um aumento de R$ 7, ataque que foi barrado após manifestações populares.

O serviço de trens da Supervia transporta milhares de pessoas diariamente para dezenas de bairros e mais de 12 municípios da região metropolitana. 

A Supervia foi vendida pela Odebrecht em 2019 à Guarana Urban Mobility Incorporated (GUMI), subsidiária do conglomerado Mitsui, um dos maiores e mais antigos do Japão.

Em agosto deste ano, o governo do estado do Rio assinou um termo com a Supervia de compensação com R$ 251,2 milhões por “perdas na pandemia”. Junto ao aumento do preço da passagem, este repasse milionário representou imenso ganho para o monopólio japonês sem qualquer melhoria.

Frustrações diárias

A frustração com o transporte público é só uma das frustrações diárias do povo brasileiro. Entram na conta, também a fome – cerca de 116,8 milhões brasileiros vivem em “inseguridade alimentar”, de acordo com a Rede Penssan –, o desemprego – cerca de 106,3 milhões se incluirmos nos cálculos sempre subestimados os “subutilizados” ou “fora da força de trabalho”, assim como os informais que realizam bicos para sobreviver –, além da repressão da polícia militar e demais agentes de repressão do velho Estado contra as massas dos bairros pobres do RJ.

Diante disso, ações “isoladas”, são expressão de uma tendência inevitável de revoltas e rebeliões populares. O Editorial semanal de setembro, Frustração anunciada e resistência inevitável, declara: “Dentro desse quadro explosivo de profundíssima crise geral do agonizante sistema político e de seu capitalismo burocrático, não há outra maneira de as massas populares buscarem melhores condições de vida que não seja arrancando pela força, seus direitos, já tão pisoteados. Desde já urge às massas trabalhadoras se mobilizarem […] pela Greve Geral de Resistência Nacional, que se coordene e se una com a revolução agrária na tomada de terras do latifúndio pelos camponeses pobres sem terra ou com pouca terra. Só assim, será possível frear a voracidade dessa máquina de moer pobres que se debate por se salvar da crise de decomposição, e fazer avançar a revolução de nova democracia para extirpar o caduco sistema de exploração e opressão.”.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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