Nove pessoas, em sua maioria jovens, foram executadas com armas de fogo em uma grande chacina ocorrida no dia 20 de janeiro, um domingo, entre os municípios de São Gonçalo e Itaboraí, nos bairros de Marambaia, Ampliação e Cabuçu.
Segundo as investigações da Polícia Civil (PC), a principal hipótese é de que paramilitares tenham atuado no crime para vingar a morte de um policial com o sangue de trabalhadores desarmados. O policial morreu nas redondezas da chacina três dias antes. De todas as vítimas, apenas uma tem antecedentes criminais.
A primeira execução da chacina ocorreu ainda na manhã do dia 20. A vítima foi Pablo Damasceno dos Esteves, de 26 anos, executado no bairro Ampliação, em Itaboraí. À tarde, o segundo assassinato foi do jovem Vanderson dos Santos Silva, de 18 anos, em Cabuçu. Segundo testemunhas, neste caso, quatro homens chegaram armados e encapuzados em um carro prata.
À noite, por volta das 23h20 do dia 20, outras quatro pessoas foram assassinadas em Marambaia. A dona de um trailer de lanches, Débora Rodrigues, de 46 anos, foi sequestrada; seu ajudante, Hércules de Souza Costa, e mais dois clientes, Michael Douglas da Silva Machado, de 25 anos e Allan Patrick Pinto Vicente, de 21 anos, foram assassinados na hora por uma rajada de submetralhadora.
O corpo de Débora foi encontrado sem vida durante a manhã do dia seguinte, em uma rua próxima da sua lanchonete. Ela deixa dois filhos adolescentes.
Por volta de 1 hora da manhã do dia 21, a chacina prosseguiu. Mais três homens da mesma família foram assassinados em sua residência. Familiares das vítimas disseram que os criminosos simplesmente bateram na porta e dispararam as armas assim que foram recebidos. Foram mortos Gabriel Trigueiro de Oliveira, de 19 anos, enquanto dormia; Renan Trigueiro de Almeida, de 20 anos, primo de Gabriel que tinha acabado de retornar da casa da namorada e Rodrigo Avelino Braga, de 38 anos, tio de Gabriel e Renan.
Das nove pessoas assassinadas apenas uma possuía antecedentes criminais, no caso Michael Douglas da Silva Machado, de 25 anos, por roubo e tráfico de drogas.
Vingar o PM com sangue inocente
À princípio, a Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI) levou em consideração que o crime se tratava de uma disputa entre facções rivais. Entretanto, as características e circunstâncias do crime apontam para vingança de agentes paramilitares à morte do cabo Rodrigo Marques Paiva, que foi alvejado em 17 de janeiro, em Marambaia.
Familiares das vítimas sustentam que estes eram trabalhadores, moradores da periferia e não tinham envolvimento com o crime organizado.
Marcas de sangue em um dos locais onde vítimas foram mortas, em Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio — Foto: Reprodução/ TV Globo