Os moradores do Morro da Conceição e do Morro da Providência protestaram nesta sexta-feira (29) em frente à sede da concessionária privada Águas do Rio, devido às constantes faltas d’água. O ato teve início às 16 horas em frente à sede da empresa, na região portuária do Rio de Janeiro, há poucos metros do Morro da Conceição, onde os moradores enfrentam a falta d’água a uma semana.

Expondo cartazes em um varal denunciando a situação calamitosa e cantando palavras de ordem como “No Morro da Conceição conta chega, a água não!”, e “Queremos água” os moradores, muitos vestidos com trajes de banho e batendo seus baldes, exigiam a volta do abastecimento de água em suas casas. Os manifestantes chegaram a organizar uma “fila do banho”, dando a entender que já que suas casas estão sem água, atenderiam suas necessidades na sede da Águas do Rio. A manifestação recebeu apoio da população que transitava, que aplaudia, dava relatos e, por vezes, se juntando ao ato.

Segundo os moradores, esse foi apenas o estopim. Segundo a moradora Ítala Ísis, a falta de água é uma constante há mais de um ano. Em suas palavras “há um ano e meio a gente vem sentindo uma falta d’água muito constante e quando não é isso é uma água que entra muito pouco. A gente fica muito tempo realmente sem água e é uma coisa básica né. Mas a conta chega, a conta sempre chega. E dessa vez foram seis dias direto e a última notícia que a gente teve é que iria demorar mais 72 horas.”

A Águas do Rio assumiu a concessão dos serviços de saneamento básico e abastecimento de água em 2021, quando assumiu a função da CEDAE.

Para Carol, do coletivo Elas por Elas providência, a privatização da água afeta principalmente os moradores de favela e demais periferias:

“Quando a gente fala de igualdade a gente precisa falar de igualdade pra todos. Porque se dentro da periferia tá dessa forma e o Estado do Rio de Janeiro tá desse jeito, mas na zona sul tá tendo caminhão pipa, água na cisterna, mas o morador da periferia tá sofrendo. A gente já está há sete dias sem água dentro da comunidade já faz sete dias que tem muitas famílias que estão sem comida! Sem poder fazer a sua comida dentro de casa, sem poder lavar uma roupa, sem poder tomar um banho, sem poder dar um banho nos seus filhos e nas suas crianças”. 

Em denúncia para o correspondente local de AND, Fernando Gomes*, morador do Morro da Conceição afirmou que “no geral nunca tem água e quando tem é por muito pouco tempo. É racionamento pesado literalmente todos os dias. É racionamento pesado literalmente todos os dias. Mês passado a gente consumiu 4m³ e o valor mínimo para pagar é 15m³.”

Para Fernando, fazem três meses que a situação de sua casa vem se tornando insustentável: “Em setembro começou a ficar bem puxado, todo dia praticamente tinha comunicado da Águas do Rio que teve vazamento em X e que fechou o fornecimento d’água e ia voltar em 72 horas”.

Além do Morro da Providência e do Morro da Conceição, moradores do Bairro de Fátima também alegam sofrer constantemente com a falta d’água.   

Segundo a empresa, o abastecimento só seria regularizado no domingo, dia primeiro de dezembro. 

Atualização do caso

Entramos em contato com moradores do Morro da Providência e do Morro da Conceição neste domingo, às 18 horas, para termos mais informações. Segundo moradores da Providência, houve um breve abastecimento no sábado pela manhã, mas logo parou. No Morro da Conceição alguns moradores relataram um breve abastecimento no domingo, enquanto outros se mantiveram sem nenhum acesso à água em suas residências. 
água em suas residências.

_{*o morador solicitou para utilizarmos um nome fictício para evitar exposição.}