Uma criança de 10 anos foi assassinada pela Polícia Militar (PM) no dia 12 de julho durante uma operação na cidade de Maricá, na Região Metropolitana do Rio. O menino, Djalma de Azevedo Clemente, foi assassinado ao lado de sua mãe, a caminho da escola. Moradores do conjunto habitacional “Minha casa, minha vida”, revoltados, atiraram pedras contra viaturas da PM e atearam fogo em barricadas.
Adjailma de Azevedo, mãe de Djalma, relata como ocorreu o assassinato: “Eu arrumei meu filho para ir pro colégio. Quando eu estava vindo pra cá, pro ponto de ônibus do vermelhinho, a polícia veio dali atirando com tanta força que eu estava segurando ele e do nada senti que ele caiu no chão. E eu falei: ‘Perdi meu filho, perdi meu filho’”, disse em vídeo divulgado. Ela ainda denuncia que os policiais acusaram seu filho, de dez anos e uniformizado, de ser traficante.
Djalma de Azevedo tinha Transtorno do Espectro Autista (TEA), frequentava o Centro de Atenção Psicossocial (Caps) do bairro de Inoã, e estudava na Escola Municipal Professor Darcy Ribeiro.
O protesto de dezenas de moradores foi reprimido por pelo menos nove viaturas da PM, e duas mulheres foram feridas pela polícia, uma delas com uma bomba de gás. Apesar disso, os moradores não recuaram, como mostram vídeos em que os manifestantes gritam contra os policiais: “Assassinos!”.
Maior número de operações em 10 anos
No estado do Rio, a violência policial se torna cada vez mais insuportável para o povo: a região metropolitana do Rio de Janeiro registrou nos primeiros cinco meses do ano o maior número de operações policiais para o período dos últimos dez anos. Foram 914 ações das Polícias Civil e Militar, mais do que o dobro das 404 registradas entre janeiro e maio de 2022. Cerca de 1.327 pessoas foram mortas no estado pela polícia do RJ no ano passado.
Isso significa uma média mensal de 183 operações; ou, seis ações por dia. São também as maiores médias da última década. A alta coincide com o início do segundo mandato do governador reacionário e genocida Cláudio Castro (PL). O levantamento foi feito pelo Núcleo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni/UFF).
Além disso, o número de mortos por “balas perdidas” na Grande Rio aumentou 190% no primeiro semestre deste ano, segundo o instituto Fogo Cruzado. Foram 29 assassinatos no semestre, em comparação com 10 mortos registrados no ano passado, a esmagadora maioria durante operações policiais.
Enquanto isso, o governo federal envia novas viaturas, armas, drones e sistemas de monitoramento para impulsionar a matança de pobres no estado.
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Velho Estado brasileiro promove genocídio contra o povo
O aumento sempiterno da repressão policial não ocorre apenas no estado do Rio, mas sim é um fenômeno nacional. Estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Amapá, Sergipe, entre outros, têm visto um aumento gigantesco em assassinatos policiais. O que é tratado de forma superficial como “política de segurança pública” ou “combate à criminalidade”, e que seriam levados a cabo pelas secretarias e polícias de cada estado de forma isolada, é, na verdade, uma ilusão. Trata-se da matança generalizada de pobres no Brasil, que aumenta em proporção direta à crise econômica e política no país, visando controle, cerco, e genocídio generalizado contra as massas mais profundas do país, e portanto as mais revoltadas.