RJ: Moradores destroem dois ônibus após sequestro e morte de adolescente por PMs

RJ: Moradores destroem dois ônibus após sequestro e morte de adolescente por PMs

Moradores revoltados com brutalidade da PM incendeiam ônibus na zona norte do Rio. Foto: Reprodução.

Moradores do Morro do Fubá, no bairro Campinho, na zona norte do Rio de Janeiro, protestaram e destruiram dois ônibus num ato de revolta após o sequestro e assassinato de Ray Pinto Tavares, jovem de 14 anos, no dia 22 de fevereiro.

Ray foi sequestrado por Policiais Militares (PMs), por volta das 5h40 do dia 22 de fevereiro, quando mexia no celular na porta de sua casa, a família só foi encontrar o garoto quando este estava morto no hospital.

Os familiares de Ray levaram horas procurando o menino, eles foram em diversos pontos da favela e do bairro, como revela o relato de um primo do garoto: “Na UPA de Campinho, um maqueiro que nos informou que três pessoas feridas de um confronto policial deram entrada no Salgado Filho. Quando eu fui reconhecer o corpo, vi que ele estava com dois tiros, um no abdômen e outro na coxa”, contou o primo.

“Ele estava jogando na porta de casa no telefone dele. Não tinha nada demais. O Ray não estava armado, não tinha rádio, não tava nada. Ele estava apenas sentado pegando o wi-fi”, disse com revolta o primo de Ray.

Ray Pinto Tavares, de 14 anos, é mais um adolescente vítima da guerra genocida contra os pobres e moradores de favela no Rio de Janeiro. Foto: Arquivo pessoal.

A manifestação ocorrida no final da tarde fechou a avenida Ernani Cardoso, uma das principais vias da região. Um ônibus foi destruído durante o ato. No período da noite, outro ato, desta vez na estrada Intendente Magalhães, manifestantes incendiaram um ônibus. A PM esteve no local e prendeu alguns manifestantes, que foram levados para a delegacia de Madureira.

Moradores denunciaram que após a abordagem aos manifestantes, os PMs arrancaram câmeras de uma padaria que teria registrado a ação. 

Assassinato de trabalhadores em operações de guerra

Segundo a Polícia Militar acontecia no mesmo horário operações em oito pontos da zona norte do Rio, no morro do Urubu, outras duas pessoas foram assassinadas. Elas foram levadas junto com Ray para o Hospital Salgado Filho, no Méier.
O tio de Ray contou que a mãe do menino tentou saber dos policiais, se eles sabiam o paradeiro de seu filho. Os militares, porém, disseram que não tinham visto o garoto: “Ela [mãe] rodou a comunidade toda e não achou. Ele estava jogando no celular no portão de casa. Ela foi ali para cima, perguntou aos policiais, disseram que não tinham visto ele. Depois, ela perguntou a outro policial e ele disse que tinha um menor atingido. Mas não teve troca de tiro. Meu sobrinho não é bandido. Ele só tem 14 anos”, disse o tio.

O tio de Ray também denunciou o modus operandi da PM do Rio, de entrar nas favelas e comunidades pobres, esculachar os trabalhadores, invadir suas casas, e tirar brutalmente a vida de filhos e filhas do povo: “Os policiais não deram nenhuma assistência. Levaram ele para outra comunidade, junto com dois corpos que já estavam lá e levaram pro Salgado Filho. Sequer teve amor pela vida de outra pessoa. Ele era menor de idade. Entram na nossa comunidade, fazem arruaça como sempre fizeram, entram na casa de moradores. Aí, dessa vez, vieram e mataram meu sobrinho”, denunciou o homem em entrevista à ONG Rio de Paz.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
Agora, mais do que nunca, AND precisa do seu apoio. Assine o nosso Catarse, de acordo com sua possibilidade, e receba em troca recompensas e vantagens exclusivas.

Quero apoiar mensalmente!

Temas relacionados:

Matérias recentes: