Moradores incendiaram quatro ônibus no início da noite do dia 2 de janeiro, entre a Pavuna e Costa Barros, em ato de revolta contra a violência e os abusos cometidos pela polícia militar (PM) durante Operação de guerra no Complexo do Chapadão.
Três dos ônibus foram incendiados na estrada do Camboatá, e um quarto ônibus foi incendiado na avenida Chrisóstomo Pimentel de Oliveira, antiga Estrada Rio do Pau, interditando os dois sentidos. Os ônibus faziam as linhas 147I (Nova Iguaçu x Pavuna), 138I (Nilópolis x Caxias), 779 (Pavuna x Madureira) e 669 (Pavuna x Méier).
Os moradores ficaram revoltados com uma Operação policial promovida para vingar, com o sangue do povo, um policial que foi ferido alegadamente no Chapadão. A Operação da polícia resultou em um grande tiroteio contra os moradores na localidade, conhecida como Pirâmide. Três pessoas foram mortas, incluindo um motorista informal. Uma criança, atordoada pelo cenário de guerra contra o povo, chegou a fugir de casa e foi encontrada apenas dias depois, em Edson Passos.
“Estou triste com o sábado que está acontecendo na comunidade do Chapadão. Desde ontem que estamos passando por essa guerra. Porque esses troços – que isso daí [policiais] nem pode ser chamado de humano – que foram cuspidos aqui, vieram fazer uma coisa dessas: chegar aqui, achar que temos que ficar calados e aceitar tudo o que fazem. Eles acham que a nossa comunidade é o quê? Um lixão onde mora bicho? Eu estou revoltada, nós estamos cansados!”, desabafa moradora em áudio enviado à redação.
Os moradores que presenciaram o assassinato do motorista mobilizaram seus vizinhos para comparecerem à cena do crime e impedir que o ato passasse impune, após a Polícia Militar retirar o corpo do trabalhador e jogar no Caveirão para destruir a cena do crime. Essa manobra ilegal é comum após crimes policiais, pois apaga as evidências do crime e facilita a alegação de “auto de resistência”.
“Os policiais expulsaram a família, deram tiro para cima da família, para cima dos moradores, para cima de todo mundo! Depois que expulsaram a gente, jogaram o corpo dele no Caveirão!”, denunciou uma moradora que presenciou a destruição da cena do crime, em áudio enviado à redação de AND.
Os moradores da região estudam planejar uma mobilização para impedir que o blindado da polícia continue entrando na comunidade.