No dia 22 de setembro, moradores do Complexo do Alemão decidiram, em denúncia ao genocídio promovido pelo governador Wilson Witzel, realizar um ato em repúdio ao brutal assassinato de Ágatha Félix, de 8 anos, em seu velório. O protesto, que contou com a presença de mais de 500 pessoas, partiu da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Estrada do Itararé, no Complexo do Alemão, até o cemitério de Inhaúma, na zona norte do Rio de Janeiro.
A polícia foi duramente rechaçada por todos os presentes, que chegaram a chutar e bater em uma viatura da UPP que passava pelo ato. Um pai (que teve seu filho assassinado por policiais no Complexo do Alemão) denunciou todos os ataques à população das favelas promovidos pela política fascista de extermínio de Wilson Witzel. Os manifestantes gritaram palavras de ordem como “Chega de chacina, polícia assassina”, “Witzel assassino”, “Quero o fim da UPP” e “Não acabou, tem que acabar, eu quero o fim da polícia militar” e movimentos populares da região ergueram faixas com os dizeres “Witzel assassino e terrorista!” e “PM assassina!”.
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O avô da menina, Aílton Félix, indignado, contesta e desmente a versão da polícia de que Ágatha morreu em um confronto e afirma: “Mais um na estatística. Vai chegar amanhã e dizer que morreu uma criança no confronto. Que confronto? Confronto com quem? Porque não tinha ninguém, não tinha ninguém. Ele atirou por atirar na Kombi. Atirou na Kombi e matou minha neta. Isso é confronto? A minha neta estava armada por acaso para poder levar um tiro?”. Um rapaz, revoltado com a presença ostensiva de policiais militares no velório de Ágatha, denunciou a covardia feita pela polícia com os moradores da favela: “Vocês deram dois tiros em uma criança! Vocês são bandidos de farda! Só entram lá pra matar trabalhador!”.