RJ: Moradores do Jacarezinho protestam contra furtos e invasões de residências cometidos por policiais

RJ: Moradores do Jacarezinho protestam contra furtos e invasões de residências cometidos por policiais

Moradores do Jacarezinho percorreram as ruas da favela para denunciar os crimes cometidos pelos policiais durante a ocupação. Foto: Suelen Bastos

No dia 22 de janeiro, moradores da favela do Jacarezinho, zona norte do Rio de Janeiro, fizeram uma manifestação que percorreu as ruas da favela denunciando os abusos e crimes cometidos por policiais militares durante a ocupação da comunidade.

Os manifestantes levaram uma grande faixa com os dizeresPaz sem voz é medo”, que foi posicionada à frente do ato. Durante a marcha, os moradores gritaram palavras de ordem e exigiram justiça. Eles denunciaram a série de abusos que estão sendo cometidos pela Polícia Militar (PM), dentre eles, invasões de residências e furtos de dinheiro e pertences dos trabalhadores. Além disso, os moradores denunciam que os tiroteios na comunidade continuam frequentes, colocando em risco as crianças e os trabalhadores.

Militares deixaram a casa do casal totalmente revirada. Foto: Reprodução.

O procurador da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil/RJ, Rodrigo Mondego, postou em suas redes sociais que tem recebido muitas denúncias de abusos e crimes cometidos pela PM no Jacarezinho. “Muitos relatos de casas invadidas e roubadas por policiais. Desde eletrodomésticos, dinheiro e até um pote de moedas”, postou o procurador.

As violações acontecem durante a Operação “Cidade Integrada”. Este é o nome do novo programa do governo do estado, para praticar  o extermínio da população preta e pobre das favelas do Rio, sob a máscara de “guerra às drogas”. O programa foi criado pelo governador reacionário, Cláudio Castro,  para substituir o plano genocida e fracassado da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). No dia 19 de janeiro, militares e policiais civis entraram nas comunidades do Jacarezinho e da Muzema, na Zona Oeste, e iniciaram a ocupação.

No dia 21 de janeiro, data anterior ao protesto, viralizou na internet o vídeo de um casal de moradores do Jacarezinho denunciando militares pelo arrombamento de sua residência. Nas imagens os moradores mostram a casa totalmente revirada. Eles acusam os militares de roubarem R$ 1 mil e objetos.

O ambulante Jailson Carlos e sua esposa contaram, em entrevista ao monopólio de imprensa Globo, que vendiam suas mercadorias na praia de Copacabana, quando receberam ligações de vizinhos falando que militares estavam dentro do imóvel do casal. “Acordei cedo, fui trabalhar. Quando comecei o trabalho, minha vizinha me ligou falando que os policiais estavam invadindo minha casa. Larguei tudo para trás, minha filha, mercadoria, tudo lá na areia em Copacabana, vim às pressas aqui para a comunidade do Jacaré. Quando cheguei aqui, ainda vi dois policiais invadindo, correndo”, contou o trabalhador.

Moradores ficaram sem o dinheiro do aluguel depois que foram furtados pelos policiais. Foto: Suelen Bastos

Jailson Carlos contou que os policiais danificaram seus móveis e objetos: “Arrebentaram a cama da minha filha, a bicicleta dela. Eu trabalhei para ter. Eles estavam todos de cara tapada. Eles vêm para matar e destruir”, disse o morador de forma revoltada.

O trabalhador acusa os militares de furto: “Sou trabalhador, acho que o que estão fazendo é errado. Sumiram minhas economias. Tinha uma lata verde cheia de moedas. Levaram a cheia e deixaram a vazia”, disse Jailson.

Policiais esvaziaram lata que estava com dinheiro do casal. Foto: Suelen Bastos

“É tudo muito triste, minhas coisas novinhas. Nem acabei de pagar. Quebraram as coisas, quebraram a cama da minha filha, minha cama estava para o alto. Trabalho todo dia na praia fazendo marquinha e meu marido no queijo. Segunda, tenho que pagar meu aluguel. Com qual dinheiro?”, questionou a esposa de Jailson.

Mesmo após ver sua casa totalmente revirada e de ter os pertences furtados, Jailson voltou para a praia, para concluir o dia de trabalho. “Vamos, amor. Bora trabalhar. Bora fazer mais dinheiro para eles roubarem outra vez”, disse o trabalhador à sua mulher.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
Agora, mais do que nunca, AND precisa do seu apoio. Assine o nosso Catarse, de acordo com sua possibilidade, e receba em troca recompensas e vantagens exclusivas.

Quero apoiar mensalmente!

Temas relacionados:

Matérias recentes: