Moradores do Complexo do Lins fizeram uma combativa manifestação após o assassinato de uma jovem grávida durante operação ilegal da PM. Foto: Banco de Dados AND
No dia 9 de junho, um dia após o brutal assassinato da jovem Kathlen Romeu, 24, por agentes da Polícia Militar (PM) no Complexo do Lins, moradores e movimentos populares realizaram uma manifestação em repúdio às ações de guerra e genocídio movidas pelo velho Estado nas favelas. O ato contou com a presença de 400 pessoas e os manifestantes fecharam uma das principais vias do bairro Lins de Vasconcelos, em direção ao local onde a jovem foi executada quando ia visitar uma tia com a avó. Foram erguidas faixas com os dizeres: Contra o genocídio: Rebelar-se é justo, Somos favelados, não somos criminosos, Lins pede paz e outros.
Durante o ato, manifestantes denunciaram o genocídio do povo preto e pobre em curso nas favelas do Rio. Foto: Banco de Dados AND
A manifestação iniciou-se às 16h. Duas horas depois, populares anunciaram que um rapaz de 17 anos havia sido alvejado no pescoço ao retornar do mercado para casa, na favela vizinha, o Morro São João.
Moradores gritaram palavras de ordem contra a PM: Foto: Banco de Dados AND
Apesar da manifestação ter sido oficialmente encerrada no local em que a jovem Kathlen foi assassinada, os populares decidiram ir até a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Lins e continuar a manifestação, entoando palavras de ordem como Chega de chacina, polícia assassina!; Ei, Kathlen, eu luto por você! Pelo fim da PM e pelo fim da UPP; Se subir pra nos matar, vamos descer e a cidade vai parar! e Sem justiça, não há paz!. Em seguida, decidiram prestar solidariedade ao morro São João e continuaram a manifestação até lá.
Manifestantes caminharam por diversas ruas do bairro do Lins e localidades vizinhas. Foto: Banco de Dados AND
Ao chegaram no São João, os manifestantes se depararam com vários soldados da PM fortemente armados de fuzis calibre 762, balaclava e sem identificação. Apesar das intimidações e tentativas de esmagar a justa manifestação, os moradores do Lins e do São João seguiram para uma das principais vias do bairro do Engenho Novo e interditaram as ruas com lixeiras, queimaram barricadas e fecharam a rua com cartazes e faixas, entoando palavras de ordem contra a política genocida dos sucessivos governos e executada pela polícia.
Faixa levada por moradores pede paz e exige o fim das operações policiais no Complexo do Lins. Foto: Banco de Dados AND
Os pequenos levantes setorizados das massas moradoras de favelas têm sido constantes e crescentes, em resistência ao genocídio militarmente executado. Em declarações, familiares de Kathlen, demonstrando a elevação da consciência política do povo, creditaram a morte da jovem ao velho Estado e à sua política genocida (fato que se repete em declarações de outros familiares, de outros casos). Tudo indica o crescimento da resistência e um campo fértil para grandes rebeliões de massas e crescentemente violentas para enfrentar o massacre continuado.
Durante o ato, movimentos populares, estudantis e de juventude prestaram total apoio a luta dos moradores. Foto: Banco de Dados AND