Moradores do favela do Caju, no Rio de Janeiro (RJ), interditaram duas faixas de uma via com latões de lixo momentos após o assassinato de um trabalhador por policiais militares (PMs). A vítima, Lucas de Oliveira Mattos, tinha 22 anos e foi executado durante uma abordagem dos policiais em patrulhamento na favela.
Segundo relatos, o jovem foi abordado somente por estar na garupa de um mototáxi (trabalhadores constantemente acossados pelas abordagens ostensivas da PM) e foi assassinado por um tiro dos policiais momentos após ter sido parado. Os moradores afirmam ainda que Lucas era muito conhecido na comunidade e que era um trabalhador dedicado. Lucas deixa uma filha de um ano.
Dando continuidade à crescente revolta que tem tomado as favelas do RJ, os moradores ergueram uma grande barricada com latões de lixo momentos após a morte, na mesma via em que o crime ocorreu. Vídeos mostram dezenas de trabalhadores nas ruas enquanto as barricadas são erguidas. Os moradores também filmaram os policiais enquanto apontavam os responsáveis pelo assassinato. “Olha lá, ó, foi aquele ali que matou. Ele que matou”, diz um morador, enquanto realiza a filmagem.
A revolta imediata dos amigos e vizinhos é expressão do profundo sentimento das massas em relação ao terrorismo de Estado cotidianemente implementado contra o povo, seja na forma de operações policiais, seja em “patrulhamentos” e “rondas”, todos destinados a restringir ao máximo os direitos e liberdades democráticas e elevar a tensão sentida pelas massas dia após dia pela guerra reacionária.
Nas redes sociais, centenas de outros trabalhadores também denunciaram o crime e expressaram sua revolta. “Sempre assim, depois dizem que tava armado e trocou com a polícia, vermes”, afirmou um usuário do Twitter. “Mataram meu amigo a troco de nada! Ele realmente era trabalhador! Sem acreditar até agora”, afirmou outra trabalhadora, também no Twitter.