RJ: Moradores interditam rodovia após PMs matarem jovem indo para o trabalho em São Gonçalo

RJ: Moradores interditam rodovia após PMs matarem jovem indo para o trabalho em São Gonçalo

Massas fecharam a via após morte de trabalhador por PMs. Foto: Reprodução.

Moradores da comunidade Palha Seca, no bairro Tribobó, em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio, fecharam a rodovia RJ-106, que liga a região metropolitana ao norte do estado do Rio. Os moradores revoltados com mais uma morte de um jovem trabalhador, atearam fogo em pneus e bloquearam a via, em manifestação ocorrida na tarde do domingo dia 28 de fevereiro.

O trânsito ficou parado nos dois sentidos e somente foi liberado por volta das 17h30m com policiais tendo que se deslocar ao local.

O protesto se deu contra a morte de Arilson Santiago, de 21 anos. Arilson foi assassinado por volta de 5h30m da manhã do dia 28/02, quando estava dentro do carro de um amigo de trabalho, os dois se deslocavam até o posto de gasolina em que o jovem trabalhava como frentista. O jovem foi socorrido e levado ao Hospital Estadual Alberto Torres (Heat), no Colubandê, mas não resistiu aos ferimentos.

Policiais Militares efetuaram disparos dentro da comunidade no mesmo horário em que Arilson foi atingido, foi o que mostrou uma câmera de segurança. Nas imagens, os policiais aparecem disparando vários tiros contra jovens que estavam em motocicletas.

No Instituto Médico Legal (IML), a irmã de Arilson, Ana Carolina, denunciou a rotina de terror imposta pela PM aos moradores das comunidades de São Gonçalo, segundo ela tiros e incursões nas primeiras horas da manhã é o modus operandi dos militares na região. 

Arilson Santiago, de 21 anos, foi morto quando estava indo trabalhar, após tiros serem disparados por policiais dentro de comunidade. Foto: Reprodução.

“Quando que isso vai acabar, meu Deus? Trabalhador morrendo, meu irmão tinha 21 anos. Ia fazer três meses agora que ele estava trabalhando. Quando isso vai acabar? Matando inocente. Não é bala perdida. Aí é bala achada. Foi um tiro único e fatal, todo dia 5h30 e 6h da manhã eles estão lá. Dão tiros todo dia. Domingo, sábado, dia de semana… É comum eles estarem ali. E se fosse em horário escolar? Ontem foi um, amanhã pode ser dois e três, quando isso vai acabar?”, disse revoltada a irmã.

A irmã também cobrou justiça e exigiu a punição dos assassinos de Arilson “Eu quero justiça! Meu irmão não era vagabundo não! Ele era trabalhador, honesto!”, concluiu.

Aristides Pinto, pai do jovem, afirmou que não houve troca de tiros e que somente os policiais dispararam na ocasião em que o seu filho foi morto: “Não teve troca de tiros, só o policial atirou e pegou no meu filho. Eu não consigo nem relatar como tem sido esse momento”, disse o pai da vítima.

Durante o enterro o tio do jovem se revoltou e denunciou a política de genocídio contra a juventude negra e pobre das favelas do Rio de Janeiro: “Não mora bicho lá não. Mora trabalhador. O cara morreu indo trabalhar de manhã, cambada de covarde. São tudo covarde, matando trabalhador. A sorte é que tinha câmera filmando, se não tivesse ia ser mais um vagabundo que ia botar na estatística. Morreu um vagabundo na favela lá”, disse o tio emocionado.

Arilson deixa uma esposa grávida de cinco meses, ele foi enterrado no Cemitério Parque Nicteroy, em São Gonçalo, no dia 01 de março.

 

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