Moradores fecharam uma das principais vias de acesso ao Morro do Dendê em protesto contra uma operação policial que deixou dois mortos na manhã de 12 de agosto, em pleno sábado. Eloá Passos (5 anos) e Wendel Eduardo (17) foram assassinados durante uma operação policial ocorrida na manhã deste sábado, 12 de agosto. Eloá foi baleada dentro de casa com um tiro no peito e Wendel foi atingido na garupa de uma moto.
O tio de Wendel afirmou ao monopólio de imprensa G1 que pessoas que estavam próximos à moto em que o jovem estava afirmaram que, durante a abordagem policial, o sobrinho se rendeu e mesmo assim, foi morto.
Logo após o assassinato covarde de Wendel, moradores incendiaram um ônibus na Estrada da Cacuia, uma das principais vias de acesso ao Morro. Não bastasse matarem um jovem, a polícia ainda reprimiu o protesto com tiros de fuzil, bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo.
Foi neste momento que uma bala encontrou o corpo de Eloá e perfurou seu peito. “Estava em casa brincando, pulando na cama. Estava acontecendo a manifestação. Mandaram tiro pra dentro da comunidade, mas atingiu uma criança de 5 anos. Não é a primeira nem segunda vez que a polícia mata criança e adolescente. Até quando? Dentro da comunidade não tem só bandido”, denunciou Lidiane Passos em entrevista ao monopólio de imprensa Globo.
O outro homem que estava na moto junto com Wendel foi conduzido à 37ª DP “a fim de prestar esclarecimentos”, segundo a PM.
Crianças e adolescentes mortos: culpa da PM!
Os policiais (do 7° BPM, Ilha do Governador) afirmaram que assassinaram Wendel pelo fato de que ele “estava armado e não parou a moto”. Tentando tirar a culpa pela morte de Eloá, a PM afirmou também que não havia operação policial no interior da comunidade.
O Instituto Fogo Cruzado publicou uma pesquisa que revelou que 601 crianças e adolescentes de até 17 anos foram baleados nos últimos sete anos no Grande Rio. O levantamento aponta que, em média, a cada quatro dias uma pessoa de até 17 anos é baleada na região.
Thiago Menezes Flausino, de 13 anos, foi morto em 7 de agosto na Cidade de Deus, quando se dirigia para sua casa de moto. No dia anterior, Guilherme Lucas Martins Matias comemorava o aniversário de 26 anos junto com três amigos. Na volta para casa, em Santa Teresa, no centro, o veículo em que estavam foi atingido por tiros disparados por um policial militar. Um dia antes, Felipe Oliveira da Silva, de 22 anos, foi baleado durante uma blitz da Guarda Municipal, quando estava à caminho da casa da mãe, no município de Nilópolis. Todas as mortes têm relação direta com o massacre contra o povo, verdadeira política de Estado que por todo país é aplicado.
Abordando, julgando, sentenciando e aplicando pena de morte, os policiais militares deram prosseguimento à carnificina contra o povo pobre e preto. Tais incursões e operações policiais se repetem diariamente nos morros e bairros pobres que concentram os trabalhadores e trabalhadoras, pais e mães de família, atingidos pela brutal crise em curso no país. O objetivo de tais ações das forças policiais reacionárias por todo o país é a de impedir que a revolta popular se espalhe nos territórios onde vivem estes trabalhadores, condenados já de antemão por serem pobres.
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