O Complexo de Favelas da Maré chegou ao terceiro dia seguido de operações policiais no dia 21 de agosto. Os agentes da repressão estão promovendo ações de despejo contra os moradores e relatos apontam que a Polícia Militar (PM) começou a quebrar as paredes e os tetos mesmo com os moradores dentro do prédio.
A PM chegou nas comunidades de Nova Holanda e Parque União aproximadamente às 5 e meia da manhã, enquanto a Polícia Civil chegava a pé pela Avenida Brasil.
Os policiais iniciam as operações de despejo e promovem demolições enquanto crianças e idosos ainda se encontravam em suas casas.
Em relato realizado no dia 13 de agosto, quando ocorreram os primeiros despejos, um morador protestou:
“Eles querem demolir o prédio com nós dentro. Tão quebrando aqui em cima e já tá fazendo mó barulheira. Com 3 crianças dentro, minha sobrinha tá lá dentro assustada por que eles tão querendo tirar a gente de casa com três crianças para quebrar a nossa casa. Tá vendo como esse Estado é covarde? Nós vamos pra onde com 3 crianças?”
Já a mãe do referido morador demonstrou seu adoecimento com a rotina de violência policial, que chega à sua 26ª incursão esse ano somente no Complexo da Maré:
“As crianças não têm mais escola, não tem creche, não podemos ir ao posto de saúde porque não tem mais atendimento e escola não funciona porque a polícia está dentro da favela. Posto, Clínica da Família e escola, a vida da gente parou.
Além disso, a moradora também denunciou que policiais estão roubando pertences de trabalhadores:
“A gente não pode trabalhar porque a gente sai de dentro de casa e quando a gente voltar a gente não encontra nada. Nem a TV da gente a gente vai achar mais porque vão levar tudo, vão levar! Não adianta nota fiscal, não adianta os cacete que vão levar! E a gente vai sair com essas três crianças e vai ficar no relento”.
Após fazer a denúncia, os moradores foram retirados de casa à força por policiais que portavam fuzis. Os PMs chegaram a intimidar a família que gravava o ocorrido sugerindo que estariam “inflamando as pessoas lá fora”, cerceando o morador de sua liberdade.
Enquanto isso, o monopólio de imprensa volta a fechar os olhos para a situação dos moradores e repetir as mesmas ladainhas da polícia, chegando a afirmar que se tratava de imóveis de luxo.