RJ: Operações em diversas favelas levam guerra a moradores

RJ: Operações em diversas favelas levam guerra a moradores

Seis operações estão sendo realizadas em comunidades no Rio de Janeiro pela Polícia Militar (PM). Na Vila do João e no Complexo da Maré, agentes do Batalhão de Choque atuam no local e ainda não há informações de confrontos, prisões ou apreensões.

Na favela da Coreia, em Senador Camará, dois rapazes foram baleados em suposto confronto com agentes do Grupamento de Ações Táticas e do 14º Batalhão da PM (Bangu). Segundo informações, os jovens foram socorridos no hospital Albert Schweitzer, em Realengo. Duas pistolas e dois rádios transmissores foram apresentados pelos militares e a ocorrência registrada no 15ª Delegacia de Polícia (Campo Grande). Em Rocha Miranda, policiais do 9º Batalhão da PM (Rocha Miranda) atuam no morro Faz Quem Quer. Informações não apontam prisões ou apreensões.

No centro do Rio, moradores relataram tiros no Morro dos Prazeres, em Santa Tereza, e na rua Barão de Petrópolis, no Rio Comprido. Por volta das 7h da manhã um blindado do Comando de Polícia Pacificadora da comunidade circulava pela região.

Na zona oeste, uma operação policial do 41º Batalhão da PM (Irajá) foi empreendida na manhã; os militares invadiram as comunidades de Vila Aliança e Vila Kennedy, em Bangu.

De acordo com um aplicativo criado para divulgar ocorrência de tiro (Onde Tem Tiroteio), houve relatos de tiroteios nas comunidades Progresso, Zâmbia, Sudão e Manilha por volta de 6h da manhã.

Operação termina com idosa executada

Lisete Pereira, 78 anos, foi atingida por um tiro na manhã do dia 5 de janeiro, no bairro Arsenal, em São Gonçalo. 

Ela, que cuidava dos netos quando foi atingida, chegou a ser socorrida pela esposa do sobrinho e afilhado e levada ao hospital Estadual Alberto Torres, no Colubandê, e já chegou sem vida. 

“Ela estava varrendo o quintal de casa quando foi alvejada. Minha tia ficou em casa cuidando das crianças para irmos ao mercado”, disse o sobrinho Mauricio Peçanha, de 54 anos, que esteve no Instituto Médico Legal (IML) de Tribobó para liberação do corpo. Segundo laudo preliminar do IML, a idosa foi baleada no peito por um tiro de 380. A idosa foi executada durante operação.

O mercado da violência contra o povo

Essa guerra ao povo, travestida de “guerra às drogas”, não é causada pelo tráfico varejista, mas tem raízes muito mais profundas; é vinculada com os interesses da indústria da guerra com a conivência dos governos.

Segundo dados levantados pelo The Intercept, a maioria das capsulas que são encontradas em vielas após operações são oriundas de países estrangeiros, como China, USA, Rússia e outros, com venda proibida no Brasil. As forças de “segurança”, apesar de todo o dinheiro gasto na guerra nas favelas, não centra suas atenções no cuidado com as fronteiras, de onde vêm as armas e as drogas. 

No caso Marielle Franco, por exemplo, a munição encontrada na cena do crime logo após a sua morte era de pistola 9 milímetros e foi comprada pela Polícia Federal em 2006. Os mesmos lotes foram usados nas chacinas de Osasco e Barueri, demonstrando o quanto é comum os desvios de munição compradas por órgãos oficiais para abastecer a delinquência. 

Lisete Pereira, 78 anos, baleada no quintal de sua casa. Foto: Reprodução.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
Agora, mais do que nunca, AND precisa do seu apoio. Assine o nosso Catarse, de acordo com sua possibilidade, e receba em troca recompensas e vantagens exclusivas.

Quero apoiar mensalmente!

Temas relacionados:

Matérias recentes: