RJ: Operações policiais em favelas arrasam pequenos comércios e causam prejuízos milionários aos moradores

Uma pesquisa revelou que operações policiais causaram prejuízo de R$ 14 milhões aos moradores de favelas do RJ. Comércios chegaram a perder mais da metade de seu faturamento.
Comércios fechados durante operação policial no Jacarezinho, em 2021. Foto: Reprodução

RJ: Operações policiais em favelas arrasam pequenos comércios e causam prejuízos milionários aos moradores

Uma pesquisa revelou que operações policiais causaram prejuízo de R$ 14 milhões aos moradores de favelas do RJ. Comércios chegaram a perder mais da metade de seu faturamento.

Uma pesquisa divulgada no dia 18 de setembro, pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESEC), aponta que as operações policiais de guerra contra o povo causaram prejuízos de cerca de R$ 14 milhões para os moradores dos Complexos da Penha e Manguinhos, na zona norte do Rio de Janeiro. Ao todo, foram entrevistados cerca de 800 moradores destas localidades. O estudo mostrou que 87,9% dos entrevistados relataram a ocorrência de ações violentas da polícia nos 12 meses anteriores à pesquisa e 60,4% dos que exercem atividades remuneradas foram impedidos de trabalhar por conta de operações policiais. Já os pequenos comércios chegaram a perder mais da metade de seu faturamento por conta das incursões.

Segundo a pesquisa, as ações violentas da polícia terrorista de Cláudio Castro deixam toda sorte de sequelas nas favelas cariocas, causando prejuízos econômicos de toda ordem:   portões e casas são arrombados, paredes são perfuradas, bens são destruídos e roubados, e serviços como luz, água e internet sofrem interrupções constantes. No caso de interrupções nos serviços públicos de água, luz, internet e coleta de lixo, as operações resultaram em 17 horas sem água; 36 horas sem energia elétrica; 34 horas sem internet e 27 horas sem coleta de lixo para todos os moradores dos complexos no ano anterior à realização da pesquisa. Dentre os objetos roubados/furtados foram mencionados celulares, adornos, como cordões, objetos eletrônicos, quantias em dinheiro e até mesmo alimentos. 

As operações policiais de guerra promovidas representam um flagrante ataque aos direitos e liberdades democráticas das massas de trabalhadores e estudantes que habitam as favelas. O estudo revela que 56,6% dos moradores ficaram impedidos de utilizar meios de transporte nos 12 meses anteriores à pesquisa. Além de impedir os trabalhadores de chegarem a seus postos de trabalho, o que em muitas situações geram demissões, as ações policiais ainda impossibilitaram 54% dos moradores de realizarem outras atividades como lazer (42,8%); receber encomendas (33,3%), comparecer a consultas médicas (32,3%), estudar (26%); frequentar atividades religiosas (12,8%) e realizar tarefas domésticas (7,2%). 

O estudo ainda revela que 51,2% dos empreendimentos diminuíram suas vendas e/ou atendimentos, perdendo, em média, 54,8% do faturamento. Os prejuízos econômicos somados chegam a mais de R$ 14 milhões de reais, levando em consideração descontos em salários por faltas ocasionadas pelas operações, reparos ou reposição de bens danificados ou roubados pelos policiais no curso das operações. 

A situação exposta pelo estudo demonstra como as ações policiais nas favelas cariocas condicionam a vida dessas massas a um cenário de guerra constante, no qual todos os âmbitos de suas vidas são afetados. Direitos e liberdades democráticos, tais como ir e vir, possuir bens para sobrevivência, água, luz, são sistematicamente violados pelas tropas do velho Estado. Trabalhadores, estudantes e demais massas que habitam as favelas se veem obrigadas a conviver com essas operações de guerra de alta letalidade e baixa intensidade nas favelas cariocas, cuja função é aprofundar o controle social nessas áreas através do terrorismo e da violência reacionária.

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