RJ: Pai de uma das vítimas da Chacina do Jacarezinho é assassinado pela PM

RJ: Pai de uma das vítimas da Chacina do Jacarezinho é assassinado pela PM

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No dia 17 de março faleceu o trabalhador Valdemar Rufino, de 66 anos, após ter sido baleado durante operação policial promovida pelo genocida Batalhão de Choque da Polícia Militar (PM), na favela do Jacarezinho, zona norte do Rio de Janeiro. Valdemar era pai de um dos jovens assassinados no ano de 2021 na operação policial que ficou conhecida como Chacina do Jacarezinho, que ceifou a vida de 29 pessoas.

O trabalhador havia sido baleado no dia anterior, durante uma ação da PM em pleno horário de saída do trabalho na comunidade, enquanto saía de seu comércio de conserto de móveis para ir visitar um cliente. Outros moradores, ainda não identificados, assim como passageiros da Supervia (empresa responsável pelo transporte ferroviário) que viajavam no ramal Belford Roxo, que passa pela comunidade, foram baleados durante a ação, conduzida pela PM assassina e terrorista de Cláudio Castro (PL).

O filho de Valdemar, Jhonatan Rufino, denuncia a ação da polícia: “Esses covardes, são tudo covardes, eles mataram meu pai. Meu pai não fez nada com eles, nada, nada, nada”. Ele acrescenta, ainda, que seu pai “era um grande trabalhador, não merecia isso, pedi tanto para Deus me levar no lugar dele. Eu quero justiça. O que vai ser de mim e da minha irmã? A gente só tinha ele, isso é o apelo de um filho que está sofrendo muito. Isso não pode ficar assim, não pode cair no esquecimento”.

O idoso morreu no mesmo dia que o filho John Jefferson Mendes Rufino da Silva faria aniversário. Sua esposa havia morrido há oito meses. Jhonatan afirma que o irmão, John, trabalhava como camelô e deixou dois filhos, um de 10 anos e outro de 12.

John Jefferson morreu na chacina do Jacarezinho, em 6 maio de 2021, a mais letal da história do RJ. O laudo do rapaz, que tinha 30 anos, atestou que o corpo tinha uma lesão na barriga e que este ferimento era compatível com disparo a curta distância. Jefferson foi um dos mortos dentro de uma casa na Rua do Areal. A ferida tinha vestígios de pólvora dispersos, sugerindo que o disparo tenha ocorrido entre 60 e 70 centímetros.

Opressão contra as massas do Jacarezinho

A favela do Jacarezinho é uma das comunidades mais pobres do Rio de Janeiro. A comunidade também é o bairro da cidade com o maior número de pessoas mortas em chacinas da PM. Foram 112 mortes nos 19 massacres que ocorreram na favela entre 2007 e 2021.

Foi após a Chacina do Jacarezinho, em 2021, na operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro, que aprofundou-se ainda mais a opressão contra as massas da favela, na tentativa de afogar e controlar a rebelião popular contra a chacina. Levando terror reacionário aos milhares de trabalhadores do Jacarezinho, a PM assassina e terrorista busca, também, impedir que os moradores e familiares vítimas de violência se organizem contra o terrorismo de Estado.

Tanto que, oito meses após a chacina foi lançado o programa “Cidade Integrada”, do governo reacionário de Cláudio Castro. O programa consistiu em um aprofundamento da militarização, do controle e cerco da comunidade, para além da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) já instalada. 

Como justificativa política para a ocupação da favela, o genocida Cláudio Castro havia prometido que o “Cidade Integrada” seria um programa de “melhorias em favelas do Rio”. Foi prometido a construção de um espaço para prática de esportes, uma unidade de saúde e um parque para os moradores, assim como obras de urbanização e canalização dos rios Salgado e Jacaré. Nenhuma dessas construções foi finalizada.

Pelo contrário, execuções como as do trabalhador Valdemar, pai de uma das vítimas da chacina, foram ampliadas após a aplicação do programa. 

Uma pesquisa feita com quase 400 moradores da favela, sete meses após o início do “Cidade Integrada”, revelou que 50% afirmaram ter suas casas invadidas sem mandado judicial. Outros 63% já disseram que viram policiais do programa furtarem ou danificarem itens das casas de moradores ou foram elas mesmas vítimas deste tipo de ação. Além disso, 62% dos ouvidos na pesquisa querem que o programa seja encerrado e 69% dos entrevistados relataram que se sentem mais inseguros com a presença dos agentes ligados ao Cidade Integrada. Dados certamente subestimados, levando-se em conta o permanente estado de ameaça que os moradores sofrem, intimidados de expressar sua verdadeira opinião sobre a ocupação policial.

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