Na manhã de 18/10, um carregamento de feijão tombou na Rodovia Washington Luís, na altura do município de Duque de Caxias (RJ) após um caminhão se acidentar. Dezenas de pessoas atravessaram a avenida afim de levar os sacos de feijão caídos. O movimento foi tão intenso que chegou a fechar a pista lateral da rodovia. O monopólio de imprensa, como de costume, apressou-se em criminalizar a aglomeração que recolhia o alimento para complementar o escasso recurso de que dispõem para pôr a mesa de suas famílias.
Fatos como esse são cada vez mais comuns e mostram claramente a profunda crise na qual é atirado o povo. Em meio a completa precarização das condições de saúde, educação, saneamento e crescente desemprego – que já em 2016 atingia mais de 195 mil pessoas somente no município, segundo estudo da Casa Fluminense – a população de Duque de Caxias, localizado na Baixada Fluminense, sofre com uma das piores condições de vida do já precário Estado do Rio de Janeiro. Nessa situação, os saques são um meio ocasionalmente encontrado pelas classes populares para amenizar a privação de suas famílias.
Duque de Caxias é a manifestação particular de uma situação generalizada no país, onde segundo os dados subestimados do IBGE, a quantidade de desempregados passou dos 14 milhões. Além do desemprego assombroso, os baixos salários forçam os trabalhadores a situações de penúria.
baixos salários não garantem alimentação
Segundo dados do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) publicados em 04/10, para garantir a sustentação de uma família média no Brasil, o salário do trabalhador brasileiro deveria ser de R$ 3.668,55.
Dessa forma, os trabalhadores que em meio ao imenso contingente de desempregados conseguem alguma ocupação, se deparam com um salário mínimo de miséria, atualmente de R$937,00 (valor 4 vezes menor que o necessário estimado) para suprir as despesas suas e de suas famílias com a alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer, previdência etc.