No dia 18 de fevereiro, petroleiros realizaram mais manifestação como parte da greve que já dura 19 dias e que já paralisou 21 mil trabalhadores, refinarias, plataformas e unidades administrativas de todo o país. O ato se concentrou em frente à sede da Petrobrás, na avenida República do Chile, no centro do Rio de Janeiro. O protesto teve adesão de milhares de pessoas e percorreu a avenida Rio Branco, até a região dos Arcos da Lapa, também no centro da cidade, onde se dispersou.
A manifestação que se iniciou por volta das 16h teve a presença de grevistas vindo de delegações de São Paulo e Minas Gerais, além de petroleiros do Norte do estado do Rio. Estiveram presentes também petroleiros de várias refinarias, plataformas e unidades administrativas espalhadas pelo país. Assim como, também se juntaram ao ato pessoas pertencentes aos Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), do Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST) e do Movimento de Pequenos Agricultores (MPA).
Por uma Greve Geral de Resistência Nacional
O ato também contou com a presença de 150 petroleiros da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR), local onde se iniciou a greve, depois que a Petrobras realizou uma demissão em massas de trabalhadores da unidade e ameaçou fechar a unidade de produção, única estatal a produzir fertilizantes no país.
Os trabalhadores denunciam que o fechamento da estatal colocará este estratégico setor produtivo na mão de multinacionais estrangeiras. Os petroleiros também denunciam que a empresa desrespeitou o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), que previa consulta aos sindicatos responsáveis em casa de demissão massiva.
Em entrevista ao AND, sobre o motivo da manifestação e greve, o petroleiro Carlos Francisco Negrão, que foi demitido da Petrobras em julho de 2019, disse que “a greve é pela defesa do acordo coletivo e a não privatização da Petrobras. Uma coisa é consequência da outra, porque fechar uma unidade como a Fafen no Paraná, com mil demissões, é justamente entregar para os grandes grupos internacionais a parte de fertilizantes que hoje é feita pela Petrobras. Então, essas demissões e o fechamento da unidade é uma continuidade do projeto de privatização da Petrobras”.
Ele ainda falou sobre a adesão de outras categorias ao movimento: “Vem crescendo, principalmente com a adesão dos caminhoneiros. A Eletrobrás, Correios, DataPrev e a Casa da Moeda também estão somando. Sendo que os caminhoneiros são a categoria fundamental para estar junto com os petroleiros”.
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Durante a marcha do dia 19, os trabalhadores alcançaram uma vitória parcial. Em Audiência de Dissídio Coletivo, o Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR) decidiu suspender a demissão dos funcionários da Fafen-PR por 15 dias, período em que a Petrobras irá dialogar com os sindicatos.
A greve dos petroleiros está com mais de 90% de adesão, apesar de todos os ataques e cerceamento do legítimo direito de greve promovido pelo judiciário. Já são 21 mil petroleiros mobilizados em 121 unidades do Sistema Petrobrás, 58 plataformas, 11 refinarias, 24 terminais, oito campos terrestres, oito termelétricas, oito usinas de tratamento de gás (UTGs), uma usina de biocombustível, uma fábrica de fertilizantes, uma fábrica de lubrificantes, uma usina de processamento de xisto, duas unidades industriais e três bases administrativas.
Os petroleiros têm enfrentado bravamente os ataques da direção da Petrobras com ameaças de demissões e retaliações. A empresa, inclusive, contratou terceirizados para cumprirem as funções dos grevistas, único motivo pelo qual os diretores da Petrobras afirmaram que a produção não foi afetada significativamente e não há risco temporário de desabastecimento.
Privatizações da Petrobras e subsidiárias nos governos anteriores ao do Bolsonaro
Embora o governo ultrarreacionário dos generais e de Bolsonaro esteja impulsionando a desnacionalização da economia (através da “privatização”), isso não é novo.
Em 1992 o então presidente Fernando Henrique Cardoso, conhecido por suas inúmeras privatizações, desnacionalizou a estatal produtora de plástico e borracha, Petroflex.
O governo do PT, hoje tentando apresentar-se como defensor da Petrobras, foi o mesmo que entregou em 2013 o campo de pré-sal de libra ao capital imperialista.
Milhares de trabalhadores e estudantes se juntaram para lutar ao lado dos petroleiros contra as privatizações e a entrega de nossas empresas ao capital monopolista. Foto: Victor Prat/ A Nova Democracia.
Petroleiros com sua Greve Nacional se juntam ao proletariado brasileiro pela Greve Geral de Resistência Nacional. Foto: Victor Prat/ A Nova Democracia
Trabalhadores da Fiocruz se juntaram ao protesto e apoiaram a luta dos petroleiros. Foto: Victor Prat/ A Nova Democracia
A marcha percorreu avenidas do centro do Rio. Foto: Victor Prat/ A Nova Democracia
A marcha teve a todo tempo entoados gritos de repúdio as privatizações e desnacionalizações das empresas brasileiras. Foto: Victor Prat/ A Nova Democracia.
O Comitê de Apoio ao AND do Rio de Janeiro marcou presença no ato, apoio a justa greve dos petroleiros, e vendeu 150 exemplares da edição 230 do jornal. Foto: Victor Prat/ A Nova Democracia.
Trabalhadores da DataPrev levantam a bandeira contra a privatização das instituições públicas. Foto: Victor Prat/A Nova Democracia.