David está no 3° período do curso de Odontologia da UFF / Reprodução Facebook
Na última segunda (28/01) veio à tona mais um crime perpetrado pela Polícia Militar (PM) do Rio de Janeiro. O 7º Batalhão da PM (São Gonçalo) abriu fogo contra a população durante uma operação na comunidade do Brejal, localizado na região metropolitana do estado do Rio. O crime ocorreu no sábado (26/01) e ao menos duas pessoas ficaram baleadas, entre elas o estudante negro do 3º período de Odontologia, David Nobio da Silva, de 22 anos e Ramon de Souza Gregório.
Além de ser vítima de mais uma operação de guerra, ocorrida no contexto de prosseguimento e incremento da política militarização das comunidades do Rio de Janeiro do governo militar de Bolsonaro (PSL), os jovens foram acusados de homicídio, de portar armas, um rádio comunicador e uma quantidade de drogas. O que gerou ainda mais revolta foi o fato de o estudante David ter ficado 48 horas desaparecido.
Na segunda-feira, 28, amigos do estudante resolveram ligar para a família para avisar que não o viam desde sábado. Foi então que se deu início a uma jornada para saber do paradeiro do jovem.
Foi informado à mãe do jovem pela delegacia de Alcântara que ele estava sob custódia no Hospital Estadual Alberto Torres. Foi então que a família soube do crime feito pela polícia contra o jovem, bem como da acusação forjada contra o mesmo.
É prática recorrente (e denunciadas há muito) da polícia do Rio de forjar falsos flagrantes, incriminando aqueles jovens baleados “por acidente”. Com isso, procura-se dar ainda mais cobertura jurídica para evitar investigações e punições para os assassinatos perpetrados pela PM contra a juventude pobre e negra das favelas e comunidades do Rio de Janeiro.
Tão logo se soube do revoltante crime, familiares, amigos, colegas de curso, diretores e reitoria da UFF se colocaram à disposição de iniciar uma campanha pelo desmascaramento da acusação contra David.
Em nota, o D.A. de Odontologia da UFF afirmou que “David sempre esteve ativo nas atividades acadêmicas da faculdade e que nunca esteve envolvido com práticas ilícitas, as quais está sendo incriminado. Em todos os momentos, mostrou ser um aluno dedicado, estudioso e disponível para ajudar os outros alunos da graduação. Sonhava em conquistar a aprovação para o curso de Medicina e passava horas estudando dentro da sala do Diretório”. Já a reitoria da UFF exigiu “profunda apuração do caso para que os responsáveis sejam identificados e processados”.