RJ: PM terrorista assassina morador e deixa outros seis baleados no Jacarezinho, Manguinhos e Mandela

RJ: PM terrorista assassina morador e deixa outros seis baleados no Jacarezinho, Manguinhos e Mandela

O Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar (PM) do Rio de Janeiro promoveu operações que levaram terror a milhares de moradores das favelas do Jacarezinho, Manguinhos e Mandela. Os miltares genocidas assassinaram um morador e deixaram pelo menos seis pessoas feridas, entre elas duas adolescentes de 13 anos, no dia 20/11. As forças policiais genocidas iniciaram a operação no final da manhã do dia 18/11 na favela do Jacarezinho, que se encontra sob ocupação direta da PM há 10 meses. A comunidade permaneceu sob regime de terror reacionário durante três dias. No mesmo fim de semana, a PM ampliou a operação também para as favelas vizinhas de Manguinhos e Mandela.

Polícia Militar promove terror na favela do Jacarezinho por três dias consecutivos. Foto: Reprodução

Em meio à operação, no dia 20/11, em pleno domingo, moradores do Jacarezinho interditaram com pneus em chamas a Rua Leopoldo Bulhões nos dois sentidos, entre a Linha Amarela e Benfica, por duas horas, no final da tarde, em protesto contra a operação terrorista da polícia de Cláudio Castro. Isso ocorreu após os moradores não poderem circular na comunidade ou sair para trabalhar durante três dias consecutivos. 

Trabalhadores e jovens foram revistados simplesmente por estarem na rua. Comércios foram obrigados a permanecer fechados e muitos foram alvejados com tiros. Além disso, milhares de jovens das três favelas não puderam realizar a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), no domingo (20/11), devido às operações. Circulam nas redes sociais as imagens e vídeos com denúncias dos moradores de crimes de guerra cometido durante a operação terrorista da PM. Moradores denunciam que um policial do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) assassinou um cachorro de um morador com uma facada no pescoço, pois o cão havia latido.

‘Cidade Integrada’ e UPP’s: prossegue a carnificina nas favelas

Polícia Militar em operação no Jacarezinho em 21/10. Foto: Reprodução/ Twitter

O Jacarezinho completou, no segundo dia de operação (19/11), dez meses de ocupação permanente pela PM sob o programa “Cidade Integrada”, do governador Cláudio Castro (PL), que iniciou em janeiro deste ano e opera ao mesmo tempo que a ocupação pelas Unidades de Polícia Pacificadoras (UPP’s). Antes do programa, a favela já havia sofrido a operação mais letal da história do Rio de Janeiro, em maio de 2021, com pelo menos 29 pessoas mortas. 

Uma pesquisa feita com quase 400 moradores da favela, sete meses após o início do Cidade Integrada, revelou que 50% afirmaram ter suas casas invadidas sem mandado judicial. Outros 63% já disseram que viram policiais do programa furtarem ou danificarem itens das casas de moradores ou foram elas mesmas vítimas deste tipo de ação. Além disso, 62% dos ouvidos na pesquisa querem que o programa seja encerrado e 69% dos entrevistados relataram que se sentem mais inseguros com a presença dos agentes ligados ao Cidade Integrada. Dados certamente subestimados, levando-se em conta o permanente estado de ameaça que os moradores sofrem, intimidados de expressar sua verdadeira opinião sobre a ocupação policial.

Como justificativa política para a ocupação da favela, o governo genocida de Cláudio Castro havia prometido que o Cidade Integrada seria um programa de “melhorias em favelas do Rio”. Foi prometido a construção de um espaço para prática de esportes, uma unidade de saúde e um parque para os moradores, assim como obras de urbanização e canalização dos rios Salgado e Jacaré. Nenhuma dessas construções foi finalizada.

Além disso, cerca de 800 moradores correm o risco de serem despejados a qualquer momento pelo governo por residirem em “área de risco”. Entretanto, há cerca de 11 anos, sob o governo de Sérgio Cabral, outras 1,4 mil famílias do Jacarezinho foram retiradas com a promessa de que receberiam casa, e até hoje estão sem moradia e vivem com aluguel social vergonhoso de R$ 400.

Também foi destruído, durante a Cidade Integrada, um monumento em homenagem aos mortos da Chacina do Jacarezinho. O monumento durou apenas uma semana após ser inaugurado. A Polícia Civil entrou com blindados, coletes a prova de bala e pés de cabra, e retiraram as placas do monumento, amarraram com cordas no caveirão, e derrubaram-no.

Militares reacionários se comportam como tropa de ocupação em território inimigo

O objetivo das operações terroristas do velho Estado nas favelas é criar o “inimigo” para justificar sua “guerra às drogas”. Trata-se, na verdade, de uma cobertura para a guerra civil reacionária contra os pobres para manter as massas trabalhadoras sob um violentíssimo estado de choque permanente, cerco, controle social e intimidação para impedir que lutem pelos seus direitos pisoteados, suas reivindicações mais elementares e seu direito de livre manifestação e organização.

Leia também: Editorial semanal – Guerra de apenas um exército

Já no Editorial semanal A guerra reacionária já instalada, afirma-se que, para as tropas policiais do Rio de Janeiro, “qualquer favela é território inimigo, a ser conquistado; os pertences das massas que ali residem são reserva estratégica a serem saqueados, consumidos e, sendo impossível, que sejam destruídos; os moradores, sejam donas de casa ou aqueles que trabalham fora, os jovens e as crianças, são todos inimigos em potencial, razão por que devem ser submetidos a restrições de toda ordem, devem sentir com toda a força a presença policial-militar e, para que não esqueçam, devem receber visitas periódicas, terem suas casas revistadas e devassadas, abordagens vexatórias, abusivas em todos os sentidos”.

O mesmo Editorial conclui que “é uma situação gravíssima a que pesa sobre as massas populares. É ainda pior do que uma guerra reacionária aberta e declarada, pois neste caso se reconheceria às massas agredidas a condição de força beligerante e seu direito a recorrer também à guerra, à guerra justa para defenderem-se. Em suma, as restrições das leis constitucionais valem para as massas populares, e as leis da guerra valem para as tropas policiais.”.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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