Patrick Granja
“A polícia agiu corretamente e com inteligência.”, disse o secretário de segurança pública Roberto Sá à imprensa no último dia 6 de fevereiro, logo após o assassinato do menino Jeremias Moraes da Silva, de 13 anos, em operação policial na Nova Holanda, uma das favelas Complexo da Maré, zona norte do Rio de Janeiro. Uma evidência irrefutável do caráter de classe dessa guerra civil reacionária do velho Estado contra o povo que segue empilhando corpos e derramando sangue nas favelas e bairros pobres.
Além de Jeremias, um homem identificado como Matheus Fernandes Ribeiro, de 20 anos, também foi baleado e levado às pressas para o Hospital Geral de Bonsucesso. No entanto, Matheus não resistiu aos ferimentos e já chegou sem vida ao HGB. O menino Jeremias foi baleado enquanto jogava futebol, causando desespero e revolta de amigos e familiares, que presenciaram tudo.
— Toda vez que volta às aulas na comunidade é isso. Volta às aulas, começa Operação. Parece que eles combinam. Meu filho de 13 anos, um menino de ouro, estava aprendendo a tocar violão. Eu tinha cinco filhos, agora só tenho quatro. Quantas mães não estão passando por isso? A gente vê o noticiário na televisão e acha que nunca vai acontecer com a gente. E agora aconteceu comigo, e daqui a pouco será com outra. Meu marido não tem chão — disse a mãe do menino, a auxiliar de serviços gerais Vânia Moraes.
Revoltados, moradores bloquearam a Linha Amarela e a Avenida Brasil – duas vias arteriais da cidade – e foram reprimidos com bombas de gás e até tiros de fuzil pela Polícia Militar. Jeremias está sendo sepultado nesse momento no Cemitério do Cacuia, na Ilha do Governador.