Fotos: Reprodução/Redes Sociais
Cercada em mais uma operação de guerra contra o povo pobre, uma jovem de 17 anos entrou em trabalho de parto por volta das 7 horas do dia 30 de abril, na comunidade do Complexo do Alemão, Zona Norte do Rio. Somente três horas depois a moça pôde dirigir-se ao hospital. Segundo denúncias, policiais são acusados de negligenciar o socorro da jovem.
Uma granada explodiu próximo à casa da menina logo de manhã, fazendo tremer o seu imóvel. Com o susto, a jovem notou que sua bolsa rompeu. Segundo ela, o bebê estava previsto para nascer somente dia 14. A mãe da gestante denunciou até xingamentos dos policiais quando foi pedir socorro para a adolescente.
“Ela levou um susto muito grande. Todos nós levamos. A bolsa rompeu na mesma hora. Ainda pedi socorro aos policiais que estavam próximos da minha casa, para nos ajudar a sair com ela. Expliquei que ela estava em trabalho de parto, mas eles disseram que ninguém entrava e nem saía e me responderam com um palavrão”, declara a mãe da jovem ao Jornal Extra.
A incursão contou com agentes do Batalhão de Choque da Polícia Militar com a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), do Batalhão de ações com Cães (BAC) e do Grupamento aeromóvel (GAM).
Moradores reiteram a versão da mãe e denunciam a atuação genocida do velho Estado.
“Nada se planta aqui. Não temos fábrica de fuzil. E porque temos que pagar por isso? Uma menina de 17 anos em trabalho de parto e a polícia não socorre e nem deixa socorrer”, disse um morador ao Jornal Extra, sob a condição de se manter anônimo. ”Não podemos sair e nem entrar na nossa favela. Porque o Estado nos mata de qualquer forma. Não somos coniventes”, afirma outro morador ao mesmo jornal.
Somente quando ativistas mobilizaram-se em torno do caso que a moça conseguiu ser encaminhada ao pronto socorro, por volta das 10 horas. A filha da jovem nasceu por volta das 21h00, no Hospital Maternidade Carmela Dutra, no Méier, Zona Norte do Rio de Janeiro; os quadros de saúde da mãe e filha são estáveis.
A Polícia Militar e o governador do estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, não emitiram nenhum posicionamento sobre a negligência dos militares.