O Rio de Janeiro acordou no dia 06/11 com as notícias de mais uma carnificina promovida pelo velho Estado e suas polícias no Complexo da Maré, zona norte do Rio de Janeiro. Policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Choque – ambos da Polícia Militar –, contrariando uma decisão da justiça de 2016, começaram uma operação em algumas favelas da Maré na madrugada de 05/11, arrastando-a até o dia 6. A maioria dos moradores ainda dormia quando um Caveirão (veículo blindado da PM) chegou às favelas Parque União e Nova Holanda dando início a um violento confronto. Pelas redes sociais moradores relataram os momentos de terror vividos até o início da manhã, com ao menos quatro pessoas mortas, oito feridas, várias casas invadidas e reviradas, veículos arrombados e saqueados, além de toda ordem de violações contra a população, incluindo agressões e torturas.
As informações são da página Maré Vive. Parceira do jornal A Nova Democracia, a página noticia com detalhes as atrocidades cometidas pelo Estado no Complexo da Maré, através de relatos, fotos e vídeos enviados por moradores.
Uma das vítimas fatais da ação foi o professor de física William Filgueira de Oliveira, 35 anos. Ele foi baleado na Nova Holanda por volta das 5 horas. Um homem identificado apenas como Tiago foi baleado na cabeça, socorrido por moradores e levado para o Hospital Federal de Bonsucesso, mas morreu no caminho. Uma mulher de cerca de 40 anos, ainda sem identificação, foi socorrida por moradores em um burro-sem-rabo depois de ser baleada no abdômen. Ela também foi levada para o HGB por um Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, mas não resistiu e morreu. Pela manhã do dia 6, mais um corpo foi retirado da favela Nova Holanda por moradores, aparentemente um homem, com idade entre 20 e 30 anos, baleado no peito.
Moradores fizeram protestos desde o início da manhã do dia 6, bloqueando a Avenida Brasil e incendiando ao menos um ônibus. No início da tarde, moradores revoltados ainda bloqueavam a pista lateral da via observados por policiais encapuzados e armados de fuzis.
“Recebemos vários relatos de casas invadidas e reviradas, moradores agredidos, policiais disparando contra pessoas indefesas, com criança no colo, veículos estacionados destruídos pelos blindados, além das quatro mortes confirmadas até agora. Por muito tempo não vimos uma operação dessa de noite aqui.”, disseram os administradores da página Maré Vive.