Policiais levaram o terror à Maré e invadiram casas de moradores. Foto: Reprodução / Maré Vive
No último dia 31 de julho, moradores do Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro, viveram mais um dia de terror e medo nas mãos das tropas de repressão do gerenciamento Witzel, a mais sanguinária polícia do mundo. Logo cedo, agentes do BOPE, CHOQUE e do 22º batalhão invadiram várias favelas do Complexo disparando a esmo de veículos e helicópteros blindados. Debaixo de uma chuva de tiros de grosso calibre, moradores relavam pelas redes sociais os momentos de pânico que viveram durante o dia. A página do Maré Vive, no Facebook, foi inundada de comentários de moradores denunciando os crimes das polícias do Estado.
— Eles estão aqui agora na laje da minha vizinha. Só não pularam para a minha laje porque por que viram que eu tenho cachorro — disse um morador.
— Sem-terra [nome de uma localidade] lotado de policiais arrombando carros e motos — afirmou outra moradora.
Duas pessoas ficaram feridas na ação e, apesar das inúmeras críticas, inclusive nos noticiários de veículos do monopólio dos meios de comunicação, mais uma vez tiros de fuzil foram disparados a esmo do helicóptero blindado da PM. Ainda pela manhã, moradores flagraram uma casa sendo arrombada por policiais da tropa de choque. A imagem foi publicada na página do Maré Vive juntamente com um texto repudiando a ação da polícia.
Casa de morador revirada por policiais. Foto: Reprodução
“Na operação que está rolando aqui na Maré, por enquanto, temos registro de duas pessoas baleadas. É muito triste ver como as nossas vidas parecem não valer nada, uma moradora deu o papo reto ‘são anos com a polícia usando esse método e nunca deu resultado’. O único resultado é do nosso sangue que se derrama pelas ruas, nossas casas invadidas, nossos traumas psicológicos, dias de trabalho e escola perdidos. Operação segue na Nova Holanda, Rubens Vaz e Parque União. Estão entrando nas casas e grande parte dos policiais estão usando touca, para quê??? Invadem nossas casas e ainda ocultam suas identificações. É uma violação de direito atrás da outra. Tá osso!”
Já na Cidade de Deus, Zona Oeste do Rio, um pai com uma criança recém-nascida ferida diz que saiu de casa com o bebê pedindo socorro e foi ignorado por policiais do 18º batalhão, que ainda dificultaram a saída de Ruan Ribeiro, de 21 anos, para socorrer seu filho. A mãe conta que quando o tiroteio iniciou foi ao quarto retirar o bebê e ele já estava sangrando. No hospital, Benjamim Ribeiro Queiroz, de um mês e meio não resistiu ao ferimento e morreu.
No mesmo momento em que Benjamin foi encontrado ferido estava acontecendo uma grande operação policial na região.
Benjamin encontrado ferido durante operação policial na Cidade de Deus, não resistiu. Agosto de 2018. Foto: Reprodução.