Fotos: Ellan Lustosa / A Nova Democracia
Reportagem de AND, diretamente do Jacarezinho
A população trabalhadora da favela do Jacarezinho, localizada na Zona Norte do Rio de Janeiro, enfrenta há seis dias consecutivos o cerco e invasão do aparato policial do velho Estado. As operações terroristas das polícias Militar e Civil, com o pretexto de “combate ao crime organizado”, são parte da guerra civil reacionária desencadeada pelas classes dominantes, que, como temos denunciado, tem contornos dramáticos para a população pobre do Rio.
Além dos assassinatos e violações abusivas de direitos, a Megaoperação tem deixado milhares de crianças sem aula e os moradores sem poder circular, sob a pena de morte que o monopólio da imprensa chama de “balas perdidas”.
Vendedor assassinado e protestos
Ontem, dia 15 de agosto, terça-feira, um morador identificado como Sebastião Sabino da Silva (“Tião”), de 47 anos, foi assassinado durante uma incursão realizada pela Coordenaria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil, que contou com auxílio de “caveirões” (os famigerados veículos blindados). Segundo informações, Tião vendia frutas e verduras na comunidade e foi atingido durante o serviço. Além dele, a moradora Ana Carolina Pereira dos Santos, de 30 anos, foi atingida de raspão no rosto e encaminhada ao Hospital Geral de Bonsucesso.
Na parte da noite, moradores realizaram uma manifestação contra as Operações da polícia e bloquearam um trecho da Avenida Dom Hélder Câmara, a antiga Avenida Suburbana. O protesto andou pelos entornos e foi parado com bombas de gás ao passar pela Cidade da Polícia, que fica na Suburbana, próxima à favela. Os moradores então seguiram o protesto dentro da comunidade, sem visibilidade do monopólio da imprensa, mas com a presença da reportagem de AND, que registrou os gritos de revolta contra o extermínio do povo pobre e negro.
Moradores feridos
Quatro dias antes, 11 de agosto, um menino de 13 anos identificado como Yan Santos Fênix Ferreira foi baleado na bacia e também levado para o Hospital Geral de Bonsucesso. Um rapaz identificado como André Macedo foi baleado na perna e levado ao Hospital Municipal souza Aguiar, no Centro.
O clime de terror imposto na favela pela parafernalha militar do velho Estado vem infernizando o cotidiano dos moradores da região, que ficam sem segurança até para ir trabalhar e sustentarem suas famílias. A ONG “Rio de Paz” informou que irá interromper as atividades na comunidade. Em declaração à imprensa, Antônio Carlos Costa, presidente da ONG, denunciou : “Eu me deparei com uma comunidade em pânico. Nossa sede foi alvejada por seis tiros. Presenciei também o momento em que o helicóptero deu um rasante na nossa rua, desferindo uma rajada de tiros de fuzil”.
Nesta quarta-feira, 16 de agosto, por causa das Operações, unidades escolares em Higienópolis, Maria da Graça, Triagem, Rocha, Jacaré e Manguinhos estão sem aula: um total de 7 escolas, 6 creches e 4 Espaços de Desenvolvimento Infantil fechados e 5295 alunos sem aulas.