Dezenas de moradores se rebelaram contra ação genocida da PM. Imagem: Reprodução
Em mais um protesto do povo das favelas, moradores da comunidade Para-Pedro, no bairro Colégio, zona norte do Rio, ergueram grandes barricadas de pneus em chamas em uma importante avenida para repudiar a operação de guerra promovida pela Polícia Militar, cujo saldo foi, segundo os moradores, um jovem executado e outras cinco pessoas feridas, incluindo crianças.
Os moradores, revoltados, incendiaram ainda um ônibus como forma de protesto. A marcha chegou a confrontar um veículo blindado da PM, o “caveirão”, exigindo sua retirada.
“Mataram um inocente, arrumaram merda aí, ó, mataram o menor lá no salão esperando para cortar o cabelo, maior maldade. O pau está quebrando agora”, diz um homem em vídeo publicado na página da Mídia1508, referindo-se ao protesto.
O jovem executado, chamado Kelvin Gomes, de 17 anos, estava aguardando em uma fila para cortar o cabelo, quando foi alvejado pela PM, segundo testemunham os moradores. Ele trabalhava como mototaxista – serviço comum nas favelas para os jovens fugirem do desemprego. Junto com Kelvin, no mesmo local, outro jovem foi baleado: Lucas Souza, de 19 anos. Ele foi alvejado no braço e no peito, mas seu quadro é estável.
Emocionado, o tio de Lucas, Valdemir Menezes, protestou: “A gente vê pessoas que não são competentes, pessoas incapazes de estar cuidando de nossa sociedade. Eu vou lhe falar uma coisa: eu votei em você. Eu deixei de votar em outras pessoas para votar em você. [se referindo ao governador assassino Witzel]. Hoje a gente ter medo de sair de casa, porque nós somos alvejados. Estamos cansados disso, não aguentamos mais”.
“A gente se sente sitiada. A gente sai e não sabe se volta pra casa. A realidade é essa, infelizmente”, disse a mãe de Lucas.
Os idosos feridos são Apolônia Maria da Costa Nascimento, de 65 anos, e Antônio Hermínio Barbosa, 62. Além deles, Marquele Costa Coutinho, de 32 anos, também foi baleada. As crianças atingiram pelos disparos têm 7 e 8 anos.