Fotos: Ellan Lustosa/AND
Milhares de trabalhadores e usuários da saúde tomaram as ruas do Centro do Rio de Janeiro na tarde desta sexta-feira contra os cortes de verbas e os possíveis fechamentos de Clínicas da Família. A manifestação convocada pelo Movimento Classista em Defesa da Saúde do Povo, trabalhadores e usuários do SUS e demais movimentos da saúde se concentrou por volta das 16 horas em frente a prefeitura e marchou em direção à Candelária bloqueando a Avenida Presidente Vargas.
CAOS E precarização Na saúde são ataques contra o povo
No dia 31 de julho (segunda-feira) unidades de saúde do município do Rio de Janeiro amanheceram com atendimentos irregulares conforme denúncias de usuários do sistema público de saúde da Zona Oeste da cidade.
Diversos veículos do monopólio de imprensa noticiaram o encerramento dos contratos com as “Organizações Sociais” (OS) gestoras de unidades de atendimento, que consequentemente significaria o fechamento e demissão dos trabalhadores. No mesmo dia, o gerente municipal Marcelo Crivela apressou-se em declarar que a notícia era falsa, no entanto alguns trabalhadores assinaram e já estão cumprindo aviso prévio desde então.
Além disso, segundo apurações de AND, funcionários de unidades de saúde afirmaram ter recebido orientações para não agendarem marcações de consultas porque as clínicas não teriam mais funcionamento.
Enquanto as mafiosas OSs e o gerenciamento municipal de Crivela trocam acusações, o sucateamento da saúde na cidade que já alcança níveis alarmantes tem a situação agravada ainda mais, já que o possível fechamento de 11 unidades significa suprimir o já precário atendimento para pelo menos 305 mil pessoas.
Ainda na terça-feira desta semana (01) em mais um episódio de ataques contra a saúde do Rio de Janeiro, a emergência do Instituto Municipal Philippe Pinel, tradicional hospital psiquiátrico localizado em Botafogo, foi fechada pela prefeitura por falta de médicos. A todo este quadro de precarização no Rio, somam-se os hospitais Souza Aguiar, Pedro Ernesto e Andaraí que se encontram com número de funcionários reduzidos e carências diversas.
Mais manifestações em Defesa DA SAúDE
Na quinta-feira (03) desta semana a equipe de AND registrou uma vigorosa manifestação de servidores em frente ao prédio do Ministério da Saúde, localizado na Rua México, no Centro do Rio, que denunciavam os cortes e a situação de precarização da saúde.
Em nota, o Movimento Classista em Defesa da Saúde do Povo denuncia o papel cumprido pelas OSs como parte do sinistro plano de privatização da saúde pública.
“Na Saúde, a terceirização se apresenta quando o governo repassa a gestão do SUS para as Organizações Sociais e EBSERH, que são empresas que visam lucrar com o dinheiro público, além de facilitar o superfaturamento e os desvios de verba. O vínculo trabalhista nestas empresas é frágil e os trabalhadores estão expostos a rotinas de assédio, gerando adoecimento e alta rotatividade de profissionais, prejudicando a qualidade do serviço. Os trabalhadores da higienização e segurança de um serviço de saúde, por exemplo, já vivem essa realidade há tempo. A população permanece sem assistência, esperando as longas filas do SISREG [Sistema Nacional de Regulação].”
E em manifesto deixa claro os interesses financeiros por trás desses ataques contra a saúde: “O capital na Saúde é hoje grande financiador de campanhas eleitorais, inclusive dos partidos que se dizem de esquerda, como o PT/PCdoBê/PSB. E cobrando a fatura deste investimento eleitoral, pressionam para que o Estado passe para ele toda a gestão dos serviços públicos, como tem sido o caso das Organizações Sociais (OSs)”