RJ: Protestos exigem energia elétrica em diversos pontos de São Gonçalo

Protestos ocorreram em diversos pontos de São Gonçalo contra a falta de energia elétrica.
Barricada bloqueia via em Avenida Maricá, próximo ao Rocha, em São Gonçalo. Foto: Reprodução

RJ: Protestos exigem energia elétrica em diversos pontos de São Gonçalo

Protestos ocorreram em diversos pontos de São Gonçalo contra a falta de energia elétrica.

Essa matéria foi postada no dia 20 de novembro, às 17h38, e atualizada às 19h03 com novas informações do protesto no dia 20 de novembro e uma reportagem in loco de AND. A matéria inicial se encontra abaixo da atualização de 19h03.

[Atualização, 20 de novembro, 19h03:

Durante o dia do povo preto, o povo de São Gonçalo e Niterói se levantou contra o completo absurdo de um apagão que já dura mais de 36 horas causado pela precarização do serviço de distribuição de energia, que hoje é comandado pela grande empresa italiana Enel. Moradores de ambas as cidades levantaram barricadas em diversos pontos do município exigindo o fim do apagão. Uma equipe do Comitê de Apoio ao AND de Niterói e São Gonçalo passou o dia indo em diversos desses atos e recolheu fotos e entrevistas dos manifestantes. 

No Gradim, manifestantes colocaram fogo em sacolas de lixo e largaram diversos galhos de árvores na Avenida Visconde de Itaúna, importante via da região. Ao falarem com a equipe de AND, relataram que a energia que acabou no último sábado não tinha previsão de ser restabelecida. Uma senhora que não quis se identificar, disse que uma equipe da Enel havia informado a ela que a energia só seria restabelecida na localidade na próxima sexta-feira. O ato que começou durante a manhã, se manteve até a noite. 

Já no Porto da Madama, próximo a UERJ-FFP, moradores da comunidade que leva o nome do bairro fecharam a principal avenida de São Gonçalo, a Alfredo Backer, com diversos pedaços de árvore e também lixo. Além de canos do canteiro de obras do sistema muve, futuro corredor BRS de São Gonçalo, que foram para o meio da avenida. Esse trecho da Alfredo Backer é de suma importância para o trânsito de São Gonçalo e quando os moradores começaram o protesto, a PM chegou e tentou de todas as formas intimidar os quase 50 moradores que fecharam a rua. Portando fuzis de calibres pesados, estavam a todo momento tentando intimidar os moradores que eram compostos principalmente por mulheres e pessoas mais velhas. Ao notar que estava sendo gravado pela equipe do comitê de apoio, o PM que estava falando com os manifestantes rapidamente adotou uma postura mais “amena”. Isso não foi suficiente para aplastar o protesto, que continuou com toda a fúria fechando até pontos mais a frente na avenida, na altura do Paraíso e também no Porto Velho na altura do Assaí. 

Bloqueio de rua no Porto Velho, em São Gonçalo. Vídeo: Reprodução

Uma mulher que preferiu não se identificar, relatou a equipe de AND presente no ato que eles não queriam estar fechando a rua, mas que era na visão dela a única maneira de se garantir que a energia voltasse. Há na comunidade pessoas que precisam se utilizar de aparelhos especiais para poderem se alimentar e isso estava sendo negado devido a falta de energia. Além disso tudo, ela ressaltou que nesse país em que vivemos, as coisas só podem ser obtidas dessa forma quando se é pobre, somente através da luta as coisas podem ser conquistadas. 

No bairro Santa Catarina, a Avenida Maricá, próximo a Praça Zé Garoto no centro de São Gonçalo, foi fechada por moradores que também estavam enfurecidos com o completo descaso por parte da Enel que disse a eles que a energia só seria restabelecida na quarta, quase 4 dias do início do apagão. Eles levantaram barricadas formadas por pneus e não deixaram o trânsito da Rua Dr March seguir de forma tranquila. Também foram intimidados pela PM, que estava tentando de todos os jeitos tira-los do local, mas não foi possível pois mesmo os retirando eles voltavam. Como os manifestantes estavam em bem maior número que a PM, eles não tinham o que fazer a não ser esperar junto dos manifestantes a energia voltar. 

Diversos outros lugares de São Gonçalo registram protestos hoje, a BR-101 foi novamente fechada próximo ao Pontal no sentido Niterói, a rodovia RJ-104 também foi interditada na altura do Jóquei, houve relatos de protestos intensos no Engenho Pequeno, Água Mineral e Bairro Almerinda, bairros de uma área mais isolada do município. Em Alcântara a Rodovia RJ-104 foi interditada momentaneamente por moradores do Jardim Catarina.

Em Niterói os protestos começaram mais a tarde e foram concentrados na região norte do município, no Fonseca, onde manifestantes fecharam a Alameda e a entrada da Ponte Rio-Niteroi. A Avenida São Lourenço também foi fechada e o acesso a Ponte Rio- Niterói da Marquês do Paraná foi fechada também]


Após ficarem mais de 24h sem energia elétrica, moradores de São Gonçalo se revoltaram e foram às ruas em protestos nos dias 19 e 20 de novembro. Os moradores levantaram barricadas e gritaram palavras contra a ENEL, empresa que distribui energia elétrica em São Gonçalo e Niterói, em vários pontos do município. A ENEL desativou os canais de comunicação com a empresa depois da tempestade que causou a queda de energia em praticamente toda região que atua no Leste Fluminense, ignorando as milhares de ligações e ocorrência que as pessoas queriam fazer. Os poucos que conseguiram uma resposta pelo canal de WhatsApp da empresa, que é gerido por um robô automático, relatam que os prazos para retorno da energia chegavam até 48h sem luz. 

Manifestação exige luz na Av. Alfredo Backer, próximo a UERJ-FFP, em São Gonçalo. Foto: Reprodução

Os protestos ocorreram de forma espontânea e fecharam rodovias e avenidas importantes da cidade. Foram registrados protestos na BR-101 (Niterói-Manilha) na altura do Gradim, na RJ-106 altura da comunidade Nova Grécia/Santa Bárbara, no Paraíso próximo a UERJ-FFP, na Avenida Maricá altura do Rocha e também na Avenida Dr. March. 

Os protestos mostraram a força do povo e da mobilização popular, porque em quase todas as localidades que as manifestações ocorreram, a energia foi restabelecida horas depois. Contudo, há relatos que ainda na data de publicação desta matéria, existem localidades de São Gonçalo que estão sem energia elétrica. Segundo dados da própria prefeitura disponibilizados em um comunicado do dia 20/11, quase 40% da cidade ainda está sem energia.

Vídeo registra manifestação. Vídeo: Reprodução

Sucateamento interestadual

É importante sublinhar que a ENEL também é responsável pela distribuição de energia em São Paulo e na semana passada deixou boa parte do estado paulista sem luz por mais de 36 horas. Lá, protestos massivos também ocorreram em diversas cidades, e o povo, ao defender-se da repressão policial, chegou a deixar um policial baleado durante as manifestações. 

Ao ser questionado sobre as equipes da empresa serem reduzidas em 40% desde 2019, o presidente da Enel, Nicola Cotugno disse que isso não impacta no trabalho da empresa e que a mesma “está fazendo um trabalho incrível”. Um verdadeiro escárnio frente ao total descaso e falta de direitos imposta ao povo pela grande empresa.

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