RJ: Revoltados após polícia assassinar jovem, moradores se rebelam e expulsam PM de comunidade

RJ: Revoltados após polícia assassinar jovem, moradores se rebelam e expulsam PM de comunidade

Moradores se rebelam após assassinato de trabalhador e interditam Via Dutra. Foto: Montagem

Moradores da comunidade do Ficap, na Pavuna, município do Rio de Janeiro, rebelaram-se após a Polícia Militar (PM) assassinar o vendedor ambulante de castanhas-do-pará, Vanderson Gomes, de 21 anos, através da tática conhecida como “tróia”, no dia 12 de setembro. Os moradores enfrentaram a polícia após o assassinato do trabalhador e interditaram os dois sentidos da Via Dutra com barricadas em chamas.

Após o seu assassinato, a PM iniciou uma campanha de difamação contra Vanderson, afirmando que haviam recuperado uma arma e drogas com o trabalhador baleado. Os moradores e a família rechaçam essa mentira: “Ele não é suspeito nem nunca foi suspeito. Eu quero que provem que ele estava armado. Ele estava tomando um lanche naquele horário, porque ele tinha acabado de chegar. Ele tinha ido fazer a foto da formatura dele, que seria na quinta-feira (14), no ensino médio. Ele trabalhava como ambulante, vendia castanha, chocolate, bala e não se envolvia com o tráfico de drogas”, afirmou a irmã de Vanderson, Beatriz, ao monopólio de imprensa G1.

A irmã de Vanderson afirmou também que: “Aqueles protestos significam a nossa voz, a voz da comunidade. Ele era uma pessoa muito querida por todos da comunidade, todos do Jardim América, ele era uma pessoa muito querida. E aqueles protestos simbolizaram isso, a gente quer resposta”.

Massas enfrentam a PM com pedras e bloqueiam via

Vanderson foi baleado através da tática de “tróia”, ou seja, através de emboscadas e tocaias dentro de casas de moradores invadidas ou becos. Essa é uma tática aplicada diariamente pela Polícia Militar (PM) e que resulta em execuções sumárias, que os assassinos da PM encobrem com alegação de confronto ou com flagrantes forjados no objetivo de criminalizar o morto.

A PM, após balear o morador, o sequestrou e atirou na caçamba de uma caminhonete da polícia. Os moradores, temendo que os PMs terminassem de matá-lo no caminho, subiram no veículo e estavam decididos a não deixar que os policiais o levassem sozinho. Apenas mais repressão possibilitou à PM dispersar as massas, seguindo em direção ao Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes, na Zona Norte. Vanderson não resistiu.

Após os policiais saírem com Vanderson baleado, os moradores prontamente iniciaram uma manifestação, e expulsaram os policiais da comunidade atirando pedras. As massas então desceram até a Via Dutra, onde bloquearam os dois sentidos da movimentada rodovia que liga Rio e São Paulo com pneus e pedaços de madeira em chamas. Mais tarde, os moradores utilizaram um caminhão-guincho para bloquear os dois lados da avenida. 

A manifestação durou cerca de 3 horas durante a noite, e os moradores enfrentaram as tentativas de dispersão tanto da PM, quanto da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que foram acionadas para reprimir a manifestação.

Um novo protesto ocorreu na manhã do dia 13/09, também com um bloqueio da via com pneus em chamas.

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