Desde o dia 04/06 trabalhadores da educação de Macaé realizam uma massiva greve por tempo indeterminado, como elevação das greves e manifestações anteriores e da crescente revolta do setor por todas as reivindicações ignoradas e atacadas pela atual gestão do reacionário prefeito Welberth Resende. A greve foi deflagrada com ampla maioria em assembleia realizada pelo SEPE – Macaé e já conta com a participação ativa de servidores de 100 escolas do município.
Esse movimento sucede uma massiva greve de três dias realizada nos dias 21, 22 e 23 de maio que levou cerca de 2 mil servidores diariamente às ruas da cidade, estes representando cerca de 60 escolas. Dentre os manifestantes, haviam em sua maioria professores, além de ASGs, ASEs, pais de alunos e estudantes que somaram força à mobilização. No primeiro e terceiro dia a mobilização ocorreu no centro da cidade e percorreu ruas até parar em frente à prefeitura. No segundo dia a concentração se deu no polo universitário, onde está a secretaria de educação do município.
Os trabalhadores exigem melhores condições de trabalho nas escolas, recomposição das perdas salariais (que já somam 47%), atualização imediata do plano de carreira (PCCV), pagamento do piso nacional do magistério, regularização dos salários de porteiros, ASEs e ASGs e realização de concurso público para a educação. As demandas para as escolas incluem falta de materiais de primeira necessidade, frequentes problemas com abastecimento de água, salas lotadas e sem refrigeração adequada, falta de auxiliares para alunos que necessitam, entre outros.
Falta dinheiro para quem?
A câmara municipal aprovou unanimemente no mês passado um reajuste de 3,69% para os servidores, correspondente à reposição da inflação, alegando que seria o único índice possível devido à limitação imposta: “em ano eleitoral a revisão dos vencimentos dos servidores públicos deve atender a legislação federal, que a limita às perdas inflacionárias”. Ao mesmo tempo, no final do último ano a Câmara reajustou o salário de seus funcionários em 30%, além de adiantar a aprovação do aumento do salário dos vereadores, seus próprios salários, de 12 mil para 15.619,00 reais, como forma de cumprir a Lei Federal a partir de 1º de janeiro de 2025.
Acontece que, como relatado por AND e acompanhado de perto do Comitê de Apoio local, durante todo o último ano os servidores de Macaé estiveram lutando e pautando suas exigências. O que derruba por terra quaisquer argumentos contrários à justa luta levantada, bem como as justificativas de insuficiência do fartíssimo orçamento municipal.
Pelegos tentam frear a luta
Apesar da alta combatividade expressa pelos servidores nas várias paralisações que foram deflagradas, os sindicatos pelegos têm buscado desempenhar um nefasto papel de desmobilização da luta, sobretudo com a proximidade da farsa eleitoral. A exemplo do papel desempenhado pelo SindServi, que integrou a base governista de Welberth no ano passado e desde então vem desencorajando a participação dos servidores nas greves, pautando conciliação e espera eterna pelas eleições. Estão sempre presentes também em “negociações” publicadas nas redes sociais do prefeito, que tentam mascarar que há algum diálogo com pelo menos uma representação dos trabalhadores.
Destaca-se também o papel dos portais “independentes” de notícias presentes nas redes sociais, a maior delas que possui mais de 160 mil seguidores, que sempre possuem posições extremamente favoráveis à prefeitura, enquanto destilam ódio contra qualquer passo dado pelos servidores. Além de jogar trabalhadores contra trabalhadores diariamente divulgando fake news sobre os valores dos salários dos professores e publicar informações extra oficiais que não aparecem nas redes oficiais do município e de seus gestores.
Soma-se isso à presença dos pré-candidatos que apareceram de última hora como “aliados” e fazem estranhos vídeos e divulgações da greve, muitos deles inclusives repudiados como interesseiros pelos próprios grevistas, outros, velhos conhecidos por serem os autointitulados “candidatos da educação” que só surgem de 4 em 4 anos.
Para receio deles, a tendência é a greve crescer e incorporar mais e mais trabalhadores. Nesse cenário, fugir ou ter medo das constantes ameaças à luta significa semear a própria derrota. Encarar e lutar até o fim é o único caminho para a vitória.