Os servidores municipais do Rio de Janeiro, a maioria deles professores, realizaram um longo e combativo protesto na terça-feira (03) contra a votação da PLC 186/24, que retira uma série de direitos conquistados, além de elevar as horas de trabalho sem compensação salarial. Os servidores foram impedidos de entrar na Câmara Municipal para acompanhar a votação sob tiros de bala de borracha, spray de pimenta, além de bombas de gás lacrimogênio e efeito moral. Apesar de ser considerada ilegal pelo Supremo Tribunal de justiça, a PLC 186 foi aprovada em primeira votação. Uma nova acontecerá nesta quinta-feira.
Para Renato, professor da rede municipal e da rede estadual de educação: “aumentar a carga de trabalho do professor sem aumento de salário é covardia e redução do valor da nossa mão de obra.”
Com concentração na Candelária, milhares de professores marcharam até a Câmara Municipal, onde se reuniram com demais categorias. Em nova assembleia, assistentes sociais organizados pelo SASERJ (Sindicato dos Assistentes Sociais do Estado do Rio de Janeiro), aprovaram a continuidade do estado de greve. Segundo o relato de Caroline de Mendonça, vice-presidente do SASERJ: “Estamos fazendo tudo para a greve. A gente é contra a PL 186/2024 porque ela acaba com o serviço público. Porque ela tira os nossos direitos adquiridos em relação à licença especial.” E por fim completa “Somos conta a grávida não ter o seu estágio probatório interrompido durante a gravidez. Isso é um absurdo contra os direitos das mulheres. Também somos contra o fatiamento das férias.”
Por volta das 15 horas, os servidores foram ocupando a rua Alcindo Guanabara, onde fica a entrada da Câmara Municipal. Impedidos de entrar pela PM, os servidores continuaram fazendo pressão, exigindo sua presença. Uma grande faixa do Moclate/Liga Operária com os dizeres “Combater o aumento da jornada de trabalho com greve geral!” foi colocada próximo. Em determinado momento, os manifestantes acenderam sinalizadores. Ao longo de todo o ato os servidores afirmaram que não houve qualquer diálogo com a categoria.
A PM atacou os servidores violentamente, jogando bombas, spray de pimenta e dando tiros borracha. O confronto durou cerca de 15 minutos, com os servidores pressionando a todo momento, sem arredar o pé. Um professor foi espancado e preso pela PM. Quando os jornalistas foram registrar o ocorrido, um policial tentou intimidá-los filmando seus rostos, incluindo do correspondente local de AND.
Dois jovens negros, que apoiavam a luta dos professores, foram repentinamente emboscados pela PM enquanto saíam do local. Os policiais chegaram agarrando, colocando a mão em seus bolsos e perguntando de onde os jovens eram. Em relato, os jovens afirmaram se tratar de mais um ato de racismo da PM. “Imagina se não tivesse um monte de professor que chegou pra perto de nós? Eles tão acostumados a fazer isso direto num beco lá em Santa Cruz com Cansam de bater na gente, nós cansa de ser oprimido. Tinha vários brancos aí. Só nós!”. Os jovens afirmam que um homem alto, com corte de cabelo militar, camisa preta e bermuda, estava no meio dos professores na manifestação e depois ficou 20 minutos conversando com um dos policiais que os enquadrou.
Os manifestantes mantiveram-se na Rua Alcindo Guanabara, agora com uma grade imposta pela tropa de choque durante toda a votação. Um dos vereadores chegou a pedir para os manifestantes diminuírem o barulho, o que levou a população a cantar ainda mais alto. Quando o vereador Edson Santos (PT-RJ) anunciou seu voto favorável à PLC 186, foi amplamente denunciado e chamado de traidor pelos manifestantes.
A PLC 186 foi aprovada na Câmara. 46 dos 51 vereadores votaram: 31 favoráveis, 15 contrários.
Professores seguem em Greve!
Na manhã desta quarta-feira (04), em uma assembleia organizada pelo Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (SEPE-RJ), a categoria decidiu em ampla maioria pela continuidade da greve. Também se decidiu pela realização de uma nova manifestação na Cinelândia na quinta-feira (05/12), dia em que está marcado o segundo turno das votação da PLC 186.
Uma nova assembleia está marcada para sexta-feira (06/12)