Trabalhadores da Rede Federal de Saúde em greve realizaram uma combativa manifestação em frente aos Hotel Windsor da Barra da Tijuca, onde acontecia a reunião dos ministros da saúde do G20 nesta quinta-feira (31). As profissionais da saúde denunciaram o processo de fatiamento e privatização da saúde federal e a entrega do HFB para o Grupo Hospitalar Conceição, promovido pela ministra Nísia Trindade e a ação repressiva promovida pelo Batalhão de Choque da PM contra as trabalhadoras último dia 19/10.
As profissionais da saúde, muitas organizadas pelo SINDSPREV (Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social no Estado do Rio de Janeiro) chegaram em frente ao Windsor Barra Hotel por volta das 9:40 da manhã, onde foram recebidas por um aparato da PM e do Batalhão de Choque, portando escopetas de bala de borracha e gás de pimenta para intimidar as manifestantes. A polícia se colocou em fileira no meio da calçada para impedir que as trabalhadoras protestassem em frente ao Windsor Oceânico, local da reunião.
A profissional Rosiane Vilela denunciou: “Toda vez que ocorre manifestação do profissional da área de saúde, a polícia é encaminhada para nos intimidar e nos fazer recuar. Mas nós não temos medo de polícia não. Não somos bandidos.” Por fim destacou “A via é pública e nós temos o direito de ir e vir porque somos pessoas acima de qualquer coisa e vamos ficar aqui para garantir o nosso direito.”
Sem se intimidar, faixas foram erguidas em denúncia ao fatiamento da saúde federal e a crescente privatização do SUS. Em uma faixa, as trabalhadoras ergueram uma imagem da repressão sofrida no último dia 19 com os dizeres “É assim que a ministra da saúde Nísia Trindade trata a enfermagem”. Com cantos de “Fora Nísia” e “Ô Nísia cadê você eu vim aqui derrubar você”.
A polícia procurou provocar e intimidar as profissionais de enfermagem continuadamente e em um determinado momento partiu para cima de um grupo de trabalhadoras, todas acima de 40 anos, procurando intimidá-las com empurrões e gritos. Em tom de revolta, uma enfermeira afirmou “nós temos o direito de falar, nós temos o direito de manifestação! Ele (um PM) não tem direito de gritar com a gente não, de botar o dedo na cara da gente não. Cadê o efetivo lá no Recreio, no caso da torcida do Peñarol? Demoraram pra chegar! Agora efetivo aqui tem!”. Por fim destacou “Quando vocês são baleados quem atende vocês somos nós!” arrancando aplausos e gritos de ‘Eu não vou me calar” de suas companheiras.
Em um momento, ao passar um caminhão de lixo, as profissionais da enfermagem ecoaram gritos de “Leva a Nísia”, posicionando a faixa com o rosto da ministra da saúde em frente à caçamba. Um caixão com as palavras “Vamos enterrar a Nísia” foi exposto pelas manifestantes.
Segundo a líder sindical Chris Gerardo, a reunião do G20 acontece em um momento de grandes cortes no orçamento para a saúde pública, o que prejudica a assistência em saúde em todo o país. “Essas são contradições que mantém o pagamento da dívida interna e externa em detrimento dos direitos sociais que são imprescindíveis para a população do nosso país.” Para a sindicalista, a entrega da rede de saúde federal para empresas de direito privado, como o caso do Grupo Hospitalar Conceição, e para o município só aumentam o desmonte da saúde pública. No município do Rio de Janeiro vem avançando o processo de privatização da saúde municipal pelas chamadas “Parcerias Público-Privadas”.
Por fim, as e os profissionais da saúde prometeram elevar sua mobilização em defesa dos Hospitais Federais do Rio de Janeiro.