Manifestantes protestam na Central do Brasil contra o aumento do preço da tarifa de trem. Foto: Banco de Dados AND
No início da noite de 25 de janeiro, trabalhadores e estudantes do Rio de Janeiro se revoltaram após paralisação dos trens, que ocorreu na mesma hora em que o protesto contra o aumento da tarifa dos trens chegou na Central do Brasil. Indignados, os trabalhadores tentaram entrar na bilheteria da estação Central do Brasil, fechada subitamente por seguranças privados e policiais militares.
A paralisação foi justificada pela Supervia. Manifestantes, porém, apontam que a empresa mentiu ao colocar que a paralisação se deu por conta de uma falha no sistema de energia.
Policiais fazem cordão de isolamento na entrada da Central do Brasil. Foto: Banco de Dados AND.
PM genocida reprime trabalhadores
O batalhão de Choque da Polícia Militar (PM), responsável por chacinas em todo estado do Rio de Janeiro, e o Grupamento de Polícia Ferroviária (GPFer), também da PM, reprimiram os trabalhadores presentes no local. Os policiais agrediram e lançaram spray de pimenta contra a multidão. A Supervia, empresa que obtém a concessão para explorar a malha ferroviária do Rio e Baixada Fluminense, alegou que a paralisação dos trens se deu por conta de uma falha no sistema elétrico. Muitos trabalhadores contestaram essa versão. Eles fizeram denúncias de que a empresa suspendeu as operações na estação por medo de que os manifestantes entrassem na mesma.
A circulação de trens na estação só foi normalizada por volta de 20h20, causando enormes transtornos para a população com a superlotação dos trens.
PM precisou conter multidão que tentava invadir bilheteria após partidas dos trens da Central serem suspensas
?: Reprodução/Redes Sociais pic.twitter.com/V7m6KXVyLo
— Jornal O Dia (@jornalodia) January 25, 2022
Protesto contra aumento da tarifa
Como vem acontecendo por todo o Brasil, os trabalhadores do Rio de Janeiro ouviram no fim do ano de 2021 o anúncio de que a Supervia iria aumentar a tarifa de trem para R$ 7 a partir do dia 02/02. Antecipando e denunciando como um absurdo o aumento, centenas de trabalhadores e estudantes realizaram um protesto contra o aumento. O ato aconteceu na estação Central do Brasil, no dia 25 de janeiro.
Manifestantes fecharam uma das faixas da avenida Presidente Vargas e caminharam até a Central do Brasil. Foto: Banco de Dados AND
Os manifestantes se concentraram em frente ao prédio da Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários, Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro (Agetransp), na avenida Presidente Vargas, por volta de 16h. Em seguida, eles caminharam em direção a Central do Brasil, onde mais manifestantes, movimentos populares, entidades sindicais e demais organizações se juntaram ao ato.
Movimentos populares estudantis e de juventude estiveram presentes no ato. Foto: Banco de Dados AND
Durante todo o protesto foram proferidas palavras de ordem contra o aumento da passagem, contra a prefeitura e governo do Rio e contra a Supervia. Em meio ao protesto, organizações de juventude marcavam presença, entre eles estavam presentes ativistas do Movimento Estudantil Popular Revolucionário (MEPR) e da Unidade Vermelha – Liga da Juventude Revolucionária (UV-LJR), que entoaram palavras de ordem como: É luta radical que muda a situação, contra o aumento vai ter rebelião!, A nossa luta unificou, é estudante junto com trabalhador!, Não tem arrego, você aumenta a passagem, eu tiro seu sossego! e Trabalhador pode se rebelar, essa tarifa você não tem que pagar!. Também foram vendidos durante o ato a nova edição do jornal Estudantes do Povo, imprensa do movimento estudantil combativo.
O Comitê de Apoio – Rio de Janeiro (RJ) também esteve presente no ato. Os brigadistas do AND venderam e distribuíram edições do jornal para as massas presentes no protesto.
Trabalhadora ambulante posa com um exemplar do jornal Estudantes do Povo que adquiriu durante o ato. Foto: Banco de Dados AND
O Comitê de Apoio – Rio de Janeiro (RJ) esteve presente no ato vendendo a nova edição e distribuindo as antigas. Foto: Banco de Dados AND
Criminoso aumento de passagem
O aumento da passagem de trens urbanos no Rio de Janeiro é um crime contra a população. Em um cenário de inflação galopante que acumula uma alta de 10,20% nos últimos 12 meses, o aumento de 40% nas passagens supera o aumento de 10,8% do salário mínimo para 2022.
Com isso, muitos trabalhadores que necessitam utilizar os trens todos os dias terão que escolher entre comer, pagar as contas ou pagar a passagem. Tal tarifa compromete 34,2% do salário mínimo daqueles que utilizam o bilhete único intermunicipal de segunda à sexta-feira para ir e voltar do trabalho.
Supervia: mortes e acidentes
A Supervia, empresa que quer aumentar a passagem para R$ 7, é conhecida pelo péssimo serviço oferecido à população na administração das malhas ferroviárias. É muito comum acontecer mortes e acidentes com usuários dos trens sob administração da Supervia. Somente em 2018, duas pessoas morreram por semana atropeladas por trens. Em 2019, dois trens se chocaram e um maquinista morreu na estação de São Cristóvão.
Tais acidentes ocorrem por conta do sucateamento e negligência promovidos pela Supervia, enquanto arrecada milhões com isenções de pagamento de impostos e benesses do governo do estado. A superlotação, falta de acessibilidade, trens velhos e caindo aos pedaços, atrasos diários, falta de segurança e repressão aos camelôs são as principais queixas dos trabalhadores que utilizam o serviço.Os trabalhadores já deixaram bem claro que não aceitarão passivamente esse novo ataque contra os direitos do povo. Novas manifestações são previstas.