Rômulo sendo velado por sua família e amigos; clima de ódio, indignação e revolta tomou conta dos presentes — Foto: Severino Silva – Agência O Dia
Carlos morreu baleado pelos snipers assassinos de Witzel em Manguinhos — Foto: Reprodução
Dois moradores foram assassinados e um ficou ferido na comunidade de Manguinhos, localizada na Zona Norte do Rio de Janeiro, nos dias 25 e 29 de janeiro. Familiares denunciam que os disparos partiram da torre da Cidade da Polícia, que fica localizada nas proximidades dos bairros Jacaré, Manguinhos e Benfica.
Foram mortos Carlos Eduardo dos Santos Lontra, de 27 anos e Rômulo de Oliveira da Silva, de 37 anos, no dia 25 e 29, respectivamente. A Delegacia de Homicídios informou que está “tomando providências” para investigar as mortes, entretanto, não deu maiores informações.
A irmã de Carlos, Kelly Lontra, afirma que ele trabalhava em uma empresa de reforma de extintores de incêndio. Ele foi atingido após passar na casa da namorada, assim que voltou do trabalho. “Eu estava em casa quando um rapaz me chamou falando que ele tinha sido baleado, por volta de 18h40. Quando eu cheguei lá fiquei sabendo que foi na barriga.”, conta em entrevista ao portal G1.
Os Parentes de Rômulo afirmam que este trabalhava como porteiro na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). “Ele ia levar a moto para o borracheiro quando foi baleado no peito. Não tinha tiroteio na hora, nem gente armada na rua. Eles atiraram em um inocente, trabalhador, pai de família. Ia completar um ano no emprego na Fiocruz. Não havia troca de tiros na hora. Todas as pessoas que o viram e socorreram disseram que o tiro veio da Cidade da Polícia.”, afirma uma parente da vítima ao jornal Extra que pediu para não ser identificada.
Segundo uma outra testemunha, ambos os disparos foram direcionados para a mesma rua na qual ocorreram os dois assassinatos e, ainda segundo ela, os tiros foram disparados por snipers na torre da Cidade da Polícia.
Moradores protestam contra os assassinatos
Familiares e moradores protestaram contra os assassinatos no dia 30/01, em frente a UPA de Manguinhos. No mesmo dia, no início da noite os moradores também protestaram em frente a Cidade da Polícia. Os manifestantes fecharam a Av. Democráticos por 20 minutos.
Witzel declarou que haveria ‘abates’
Em campanha eleitoral no ano de 2018, quando candidato a governador, Wilson Witzel, atual gerente, já declarava à imprensa que iria “abater bandidos”, utilizando os atiradores de elite, conhecidos como snipers. As declarações, certamente, pode ter encorajado ações deste tipo que, como sempre, atinge as massas trabalhadores e moradoras das favelas.
Segundo o governador, em entrevista ao monopólio de imprensa, o “abate” é uma interpretação pessoal sua do Código Penal. Além disso, declarou que há de “defender policiais até o fim”. “Prefiro defender policiais no Tribunal do que ir no funeral. O policial será defendido. Se condenado, nós vamos recorrer. Se a sentença for mantida, é um risco que a gente corre.”, disse ele, deixando claro que, não importa se são criminosos, os agentes policiais terão seu apoio. Já pelos filhos do povo pobre, trabalhadores e jovens vítimas do genocídio cometido cotidianamente em operações nas favelas, ao contrário, o governador parece sentir somente desprezo.