RN: Trabalhadores da Saúde fazem greve massiva por reajuste salarial

Profissionais da saúde em greve no RN realizam manifestação em Natal. Foto: Reprodução

RN: Trabalhadores da Saúde fazem greve massiva por reajuste salarial

No dia 11 de abril, os trabalhadores da Saúde do estado do Rio Grande do Norte (RN) iniciaram uma greve por tempo indefinido exigindo o piso salarial da enfermagem e reajuste salarial para os técnicos em radiologia e demais trabalhadores da saúde, além de outras reivindicações. Mais da metade dos profissionais cruzaram os braços nos 25 hospitais do estado. Em algumas unidades a porcentagem de paralisação chega a 70%. Alguns hospitais municipais também estão em greve.

A mobilização dos trabalhadores da Saúde do RN exigindo condições de trabalho e remuneração dignos une-se à luta de todos os trabalhadores brasileiros mobilizados por melhores salários e condições de trabalho. Os trabalhadores da enfermagem são superexplorados sem terem sequer um piso salarial. Frequentemente, não são pagos pelos plantões extras.

Enquanto isso, a cesta básica e a estimativa de inflação para o país não param de aumentar. A cesta teve um aumento de 9% em fevereiro de 2023 em relação ao ano passado, enquanto a inflação para este ano está sendo reavaliada para 6%. Já a estimativa de crescimento econômico para o país não chega a 1%, em recente atualização do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Direitos dos trabalhadores são atacados

O Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do RN (Sindsaúde-RN) denuncia que a categoria decidiu iniciar a greve “como uma resposta ao governo Fátima Bezerra (PT) que segue sem apresentar soluções para muitos pontos da pauta dos trabalhadores da saúde do RN e desde o ano passado não cumpre sequer o que está previsto na lei do Plano de Cargos”. Além disso, denunciam que a “Mesa SUS”, criada para negociar, está sendo usada apenas para enrolar os trabalhadores.

Trabalhadores da Saúde se manifestam rechaçando intimidações

No mesmo dia do início da greve, dezenas de trabalhadores realizaram uma manifestação em frente ao hospital estadual Monsenhor Walfredo Gurgel, um dos maiores do estado, em Natal, capital. 

Enquanto realizavam a manifestação, os trabalhadores foram notificados sobre uma audiência do Ministério Público do Trabalho (MPT) para o mesmo dia, após denúncia do diretor geral do hospital, o reacionário Tadeu Alencar, que no dia 20 de janeiro chegou a chamar a Polícia Militar (PM) para dispersar um ato dos trabalhadores.

Em uma declaração, o Sindsaúde-RN afirmou: “A greve só está começando e atitudes como essa não irão amedrontar uma categoria que tem a luta enraizada. Fora Tadeu, a greve continua! Governadora, a culpa é sua!”.

Luta da Saúde no estado vem de longa data

Desde o ano passado, foram realizadas diversas mobilizações dos profissionais da área Saúde no RN. Em fevereiro deste ano, terceirizados da empresa Safe, que presta serviços para os hospitais estaduais, realizaram uma greve de mais de 10 dias após terem seus salários e FGTS atrasados e não receberam o vale alimentação e o vale transporte.

Em dezembro do ano passado, os anestesistas do estado realizaram uma greve de mais de 20 dias após seis meses de atrasos consecutivos, referentes a valores não pagos aos profissionais naquele ano. Em agosto, profissionais da saúde de Natal também realizaram uma greve exigindo direitos referentes à data-base e ao Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos.

A situação de constante precarização das condições de trabalho e baixos salários na área da Saúde não é de agora. Somente nos últimos anos, aprofundou-se a situação limite dos profissionais da área com a terceirização dos serviços públicos, a implementação das “Organizações Sociais de Saúde (OSS)” nos hospitais e o teto de gastos (PEC 241/2016). Essa situação não foi revertida e, ao que parece, o governo Luiz Inácio/Alkimin também não o fará.

Para a Saúde, governo Lula apresenta mais uma saída reacionária

Luiz Inácio, em evento para discussão dos 100 dias de governo no dia 10/04, indicou a implementação de um “convênio entre o Sistema Único de Saúde (SUS) e médicos de diversas especialidades” para supostamente resolver a superlotação no Sistema. Isso vai na contramão de abrir concursos públicos para contratar com dignidade de emprego médicos especialistas que se dedicariam à saúde pública, uma reivindicação histórica da categoria.

“Temos que ter convênio para dizer ‘você vai naquele lá, o SUS vai pagar’”, disse o Lula. A medida, porém, é apenas mais uma forma de desmonte e desinvestimento do SUS. Vai de encontro com outras medidas antipovo como a criação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), criada no governo Dilma Roussef em 2011.

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