RO: Camponeses são alvos de perseguição do ICMBIO

Camponeses de Boa Esperança lutam pelo direito de terra

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Camponeses de Boa Esperança lutam pelo direito de terra

A perseguição dos agentes do Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBIO) contra os camponeses do Acampamento Boa Esperança, em Rondônia, ganhou mais um capítulo. Segundo denúncias feitas por Delson Pinto de Souza, o dono legal da Área Boi D’ Água, onde se encontra o acampamento, os agentes do instituto e policiais militares estão prendendo os camponeses que saem do local, e queimando seus carros e motos.

A onda de perseguição inclui ainda ameaças, agressões e invasões de casas por parte dos agentes do ICMBIO, que tentam de todas as formas expulsar os camponeses daquela localidade. “O ICMBIO quer que nós saia dessa terra para eles aumentarem o poder deles. A gente conseguiu suspender a liminar até o dia 30 de abril, mas eles já estão entrando com outra para retirar o pessoal lá de dentro. E o ICMBIO diz que vai retirar todo mundo lá de dentro em maio.”, afirmou o camponês Dionísio de Oliveira, em entrevista exclusiva ao AND.

Essa não é a primeira vez que agentes do ICMBIO, ou da polícia, invadem o acampamento. Em 2016, dois policiais militares e um pistoleiro atacaram o acampamento destruindo barracos, ateando fogo e agredindo as pessoas. Em dezembro de 2018, a AND publicou que agentes do instituto estavam ameaçando e roubando os camponeses, e o próprio Dionísio contou sobre a violência que sofreu. Ao sair do acampamento o seu carro foi cercado por mais de 20 policiais, que o acusaram de ser o “chefe do acampamento”. Ele rodou durante horas dentro da viatura policial, e passou três dias preso, sem dormir, numa cela com água até o joelho na Penitenciaria de Médio Porte Pandinha, na zona rural de Porto Velho.

Este ano, foi a vez de Delson Pinto de Souza denunciar que estava sendo ameaçado de morte pelos agentes. Na edição de nº 219 da AND, ele afirmou que as ameaças se intensificaram depois que permitiu que os camponeses se instalassem na sua propriedade. De acordo com Delson, isso acontece justamente porque latifundiários grileiros, grandes madeireiros e grandes garimpeiros têm interesse na área e buscam, por meio do ICMBIO, expulsar os pequenos e médios proprietários legais.

Outro exemplo da arbitrariedade do Estado na região ocorreu no início de abril, mais precisamente no dia 13, quando dois policiais militares que faziam ronda na Flora Bom Futuro prenderam os camponeses Marildo de Oliveira, 42 anos, e Lucas Chiapetti, 23 anos. A acusação é de que eles estariam carregando minério extraído da Flora, o que foi veementemente negado pelos camponeses.

Aliás, essa é uma das principais acusações que o ICMBIO oferece junto à justiça para expulsar os camponeses da região. “Eles falam que o acampamento está minerando, tirando a madeira, fazem de tudo para destruir o acampamento. Por que eles precisam inventar qualquer coisa pra justiça. O negócio deles é destruir o acampamento. Se tivesse retirando minério, você acha que eu deixaria o povo [do acampamento] ficar na área?”, disse Delson de Souza a nossa reportagem. Conforme a AND publicou em dezembro de 2018, o próprio Ministério Público Federal de Porto Velho declarou que representantes do ICMBIO recebem propinas para repassar ilegalmente terras da União na Floresta Nacional Bom Futuro, para garimpos, madeireiras clandestinas e alguns latifundiários.

Para além dos casos de corrupção no ICMBIO, o que fica claro é que toda ameaça movida contra os camponeses segue as diretrizes do novo governo de turno, agora nas cores verde oliva do servilismo. O maquiavélico plano do governo militar de Bolsonaro tutelado pelo Alto Comando das Forças Armadas reacionárias é criminalizar e expurgar tanto o campesinato como os povos indígenas, enquanto entrega para o imperialismo a parte que nunca nos coube nesse latifúndio.

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