RO: DCE/UNIR e Adunir denunciam evento negacionista no campus Porto Velho

Professores e estudantes revoltaram-se pelo total segredo posto ao evento religioso e negacionista em claro desrespeito à comunidade acadêmica. Tal foi o silêncio sobre o que estava ocorrendo que nem os departamentos sabiam do que se tratava e as atividades acadêmicas não puderam ser adequados de modo a não serem afetados.
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RO: DCE/UNIR e Adunir denunciam evento negacionista no campus Porto Velho

Professores e estudantes revoltaram-se pelo total segredo posto ao evento religioso e negacionista em claro desrespeito à comunidade acadêmica. Tal foi o silêncio sobre o que estava ocorrendo que nem os departamentos sabiam do que se tratava e as atividades acadêmicas não puderam ser adequados de modo a não serem afetados.

A comunidade acadêmica da Universidade Federal de Rondônia foi surpreendia com a repentina ocupação dos espaços universitários no campus da UNIR em Porto Velho, por centenas de membros de uma comunidade religiosa. O evento realizado pela Igreja Adventista do Sétimo Dia fazia alusão ao criacionismo, defendendo uma visão negacionista da ciência e obscurantista. Isso em pleno espaço universitário sob a guarda e o pronto atendimento da Reitoria da Universidade.

O evento foi prontamente denunciado pelo Diretório Central dos Estudantes e a Associação dos Docentes da Universidade Federal de Rondônia (ADUNIR), Seção Sindical do ANDES – Sindicato Nacional. Além de denunciar o flagrante obscurantismo e negacionismo, repudiou as ligações da Reitoria com o latifúndio e sua política de morte e as péssimas condições de funcionamento da universidade.

Segundo a Nota ADUNIR, “No dia 11 de outubro de 2024, a comunidade acadêmica do Campus José Ribeiro Filho (Porto Velho) da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), foi surpreendida por uma movimentação estranha e sem qualquer manifestação por parte da Reitoria: espaços sendo ocupados, montagem de réplicas jurássicas e toda uma logística que causou certa estranheza”.

Professores e estudantes revoltaram-se pelo total segredo posto ao tema em claro desrespeito à comunidade acadêmica. Tal foi o silêncio sobre o que estava ocorrendo que nem os departamentos sabiam do que se tratava e as atividades acadêmicas não puderam ser adequados de modo a não serem afetados.

Ainda segundo a Nota da ADUNIR “Acessando o Sistema Eletrônico de Informações (SEI), Processo nº 23118.007595/2024-98 e a verdade veio à tona: tratava-se de uma solicitação da igreja Adventista do Sétimo Dia (Ofício n 009/2024-ANRACAV) para a utilização do espaço físico da UNIR nos dias 11,12 e 13 de outubro, para um evento denominado “Aventuri”, que reúne os escoteiros organizados pela referida igreja por meio do “Clube de Aventureiros” e que pretendia reunir cerca de 2.000 participantes”.

No referido ofício, a igreja ainda solicitou, entre outros espaços, a utilização do Restaurante Universitário (RU), espaço conquistado com lutas históricas da comunidade acadêmica, sobretudo, os estudantes, nas greves e ocupações dos anos de 2008 e 2011 e no protesto estudantil ocorrido em 2023. Por meio do Ofício nº 193 (1783931), a reitora Marília Pimentel autorizou o evento, cedendo o campus à Igreja Adventista nos seguintes termos: “Acreditamos que eventos como este são importantes para enriquecer a experiência educacional de nossos jovens, proporcionando oportunidades de aprendizado, troca de conhecimento e desenvolvimento cultural”. Em ato contínuo, nomeou o Vice-reitor Denny William de Oliveira Mesquita para coordenar e acompanhar o evento, sendo que o mesmo é membro do “Clube de Aventureiros”. O Vice-Reitor é membro ativo dessa denominação religiosa.

Nesse mesmo sentido, o Diretório Central dos Estudantes denunciou em nota que “na maioria das vezes são colocados inúmeros empecilhos e impedimentos para que estudantes, professores e demais trabalhadores possam utilizar as dependências da UNIR para realização de eventos acadêmicos, políticos, dentre outros. Muitas vezes os espaços de nossa universidade são negados a comunidade acadêmica – sobretudo aos finais de semana -, e, no caso do evento religioso em questão, a UNIR prontamente atendeu a solicitação, bem como não mediu esforços para contribuir na sua organização, cedendo estrutura do campus”.

E prosseguiu afirmando que “a atual Reitoria tem negligenciado problemas básicos de estruturas, reiteradamente denunciados, como falta de manutenção em ar-condicionado; portas, torneiras e descargas de banheiro sem os devidos reparos; salas com infiltração e mofo; laboratórios precarizados; transporte para eventos completamente sucateado; falta de iluminação adequada acarretando problemas de segurança; teatro completamente abandonado, e, inclusive, a falta de fiscalização por parte da administração superior do contrato com a empresa prestadora de serviço no Restaurante Universitário, que tem cometido uma série de irregularidades, descumprido acordos contratuais, e servido refeições que tem levado estudantes a passar mal e até serem internados”.Tanto o DCE/UNIR quanto a ADUNIR reforçaram o compromisso com a defesa de um Estado laico, onda haja liberdade de crer ou não em qualquer determinação religiosa, mas nos templos, igrejas e espaços culturais destinados a esse fim.

Leia a nota da ADUNIR na íntegra:

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