No dia 23 de abril, indígenas Amondawa confiscaram o carro da Fundação Nacional do Índio (Funai) e realizaram protestos contra a falta de combustível para os veículos responsáveis por realizar o escoamento da produção. O povo exigia também o retorno do Plano de Trabalho na comunidade indígena que vive na Terra Indígena (TI) Uru Eu Wau Wau, município de Mirante da Serra, localizado no estado de Rondônia.
Os indígenas confiscaram o carro da fundação quando os funcionários da Funai chegaram na comunidade para entregar a cesta básica. Após o recebimento das cestas, os Amondawa iniciaram as manifestações, demonstração cabal de que o povo não quer migalhas do velho Estado. Eles exigiram que suas reivindicações fossem atendidas para aumentar a produção, além disso também exigiram a prestação de contas do trabalho da Funai.
Na comunidade de Amondawa vivem cerca de 140 indígenas e a agricultura é a principal atividade econômica. A produção se volta para produtos com inserção no mercado regional, como café, algodão, feijão e milho.
Somente este ano foram colhidas 1,6 mil sacas de milho e a produção de farinha totaliza 60 sacas por mês. A comunidade iria iniciar a colheita do café, produção prejudicada devido às dificuldades apontadas em ocasião do protesto.
Segundo as lideranças, a comunidade este ano já havia alugado veículos para escoar a produção. A falta de combustível que deveria ser fornecido pela Funai é constante desde 2018, mas tem se intensificado nesse último período.
Povo Amondawa confiscam carro da Funai para garantir seus direitos. Foto: Reprodução
Os interesses do povo se confrontam com o latifúndio
Os indígenas Amondawa se somam às milhões de famílias camponesas que compõem uma economia camponesa (a mal chamada “agricultura familar”) permanentemente arruinada em nosso país. O auxílio em relação aos insumos e escoamento dos produtos como requisito para sustentar a produção, são negados às massas populares.
Por sua vez, o crédito é cada vez mais concentrado nas mãos do latifúndio e redes de distribuição monopolizadas por estes junto ao capital burocrático, criando um cenário de desamparo fomentado pelas classes dominantes e gerido pelo velho Estado. Condenando os pequenos produtores ao endividamento e falência perpetuando a miséria, a política latifundista é a base sob a qual segue existindo relações de produção arcaicas e pré-capitalistas (entre elas a servidão), que se desenvolvem a partir desta eterna ruína dos camponeses pobres e pequenos produtores.
A experiência do movimento camponês em nosso país aponta que a única saída para esse entrave é a destruição do latifúndio, aplicando o programa da revolução agrária para pôr fim à exploração burocrático-latifundiária semifeudal.