RO: Estudantes e professores apoiam luta camponesa

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DERRUBANDO OS MUROS DA UNIVERSIDADE

Entre os dias 22 e 28 de janeiro de 2018, organizados pelo Movimento Estudantil Popular Revolucionário (MEPR), estudantes da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e Secundaristas participaram de uma atividade de ida ao Campo na Área Revolucionária Paulo Bento no Município de Mirante da Serra, região central de Rondônia. Somaram-se à delegação de estudantes, professores da UNIR, IFRO e da Educação Básica organizados pelo Movimento Classista dos Trabalhadores em Educação (MOCLATE).

 A decisão de ir ao campo tornou-se uma prática cotidiana dos estudantes organizados pelo MEPR, que dedicam parte de suas férias para estar em áreas camponesas desenvolvendo atividades que vinculam educação, trabalho e luta. Como parte dos preparativos organizou-se uma campanha de finanças junto a apoiadores, em especial professores Universitários e estudantes trabalhadores que contribuíram com recursos financeiros e alimentação para o deslocamento da delegação.

 A Área Revolucionária Paulo Bento, homenageia o camponês Paulo Sérgio Bento Oliveira, assassinado por policiais da polícia militar, especificamente do GOE (Grupamento de Operações Especiais) no dia 16 de maio de 2017. Dias depois, seus companheiros organizaram a Tomada de Terras, na linha 81. Os camponeses resistiram às intimidações da PM, realizaram o Corte Popular nos meses de julho e agosto e passaram a viver em seus lotes a partir de setembro.

 

…E SERVINDO AO POVO NO CAMPO E NA CIDADE

 Quinze participantes realizaram a atividade de ida ao campo. Na chegada no dia 22 foi realizada uma reunião com os camponeses da área, que passaram a destacar as principais atividades a serem desenvolvidas. Os estudantes sob a Consignia de “vida simples e trabalho duro”, passaram a desempenhar as atividades que são “comuns” no campo, ajudando em tarefas individuais, mas, sobretudo, nas atividades coletivas para resolver alguns problemas nas áreas.

Nos primeiros dias as tarefas centrais foram a realização de roçado em área para campo de futebol e local de barracão da assembleia. Esta tarefa levou cerca de 03 dias, que incluía o roçado, a retirada do que foi carpido, o nivelamento do campo, construção das traves e se encerrou com a primeira partida de futebol. A disposição e ânimo dos camponeses incentivou aqueles que tinham mais dificuldade e pouca familiaridade no manuseio de algumas ferramentas.

Também no terceiro dia a construção de uma ponte em um ramal [estrada para motos e veículos pequenos] foi uma tarefa exitosa e que foi realizada em duas horas! Nesta tarefa fortaleceu-se mais ainda o espírito do trabalho coletivo. Com muitas mãos e braços, foi possível nesse tempo roçar, derrubar e serrar a madeira, carregá-las até o local e efetivar a construção. Nesta atividade participaram mais de 30 pessoas.

 Outros dois ramais abertos contaram com a participação de cerca de 15 camponeses cada, além de estudantes e professores. Um dos ramais tinha 2 km de extensão e outro 1 km. Em um deles foi realizada a construção de bueiro. O trabalho consistia em roçado, retirada de árvores, tocos e galhos do caminho. Além da construção dos ramais foram destacados 02 estudantes para ajudar na perfuração de um poço, para auxiliar um camponês que havia quebrado uma perna.

 Após a conclusão de boa parte dos trabalhos, foi realizada uma Atividade Cultural dirigida pela Frente Revolucionária de Defesa dos Direitos do Povo (FRDDP). A atividade consistiu em exibição de Documentário sobre o massacre de Pau D’Arco, Vídeo de Revolucionários da Alemanha, Jogral de uma poesia sobre Pau D’Arco, Vídeo do grupo de Rap Ameaça Vermelha, além da agitação com palavras de ordens e canções revolucionárias como Bela Cia, Bandeira Rubra, Conquistar a Terra e Lutadoras da Revolução. Participaram da Atividade cultural representantes do MEPR, MFP, MOCLATE e Escola Popular. A abertura da atividade foi feita por um dirigente da LCP. Os participantes saudaram os camponeses presentes e ressaltaram a importância da luta pela terra realizada sob a consigna da Revolução Agrária, a importância do trabalho coletivo e a constituição de grupos de ajuda mútua, bem como a necessidade de uma Revolução de Nova Democracia para livrar o Brasil do atraso semifeudal e da podridão capitalista.

 Os últimos dias foram dedicados à um levantamento da produtividade da área e registro fotográfico. Mesmo com menos de 06 meses, as 80 famílias que vivem na área Paulo Bento já estão colhendo os frutos do seu trabalho. Apenas com suas mãos, estão mudando a realidade de uma terra improdutiva de capim e capoeira (matagal) para produzir comida para a subsistência e para a venda na cidade de Mirante da Serra.

 As famílias camponesas da Área Paulo Bento já produzem milho, amendoim, mandioca, feijão, melancia, cana-de-açúcar, abóbora, pepino, quiabo, inhame, hortaliças, ovos, criam galinhas e porcos, e já veem crescer centenas de árvores frutíferas.

Atividade cultural

A Revolução Agrária entregará terras para todos os camponeses

A pequena cidade de Mirante da Serra, com cerca de 12 mil habitantes já sente o dinamismo no comércio local com a tomada da Área Paulo Bento, já que algumas famílias já produzem para a venda na cidade e compram produtos essenciais neste municipio. No dia 27, uma grande panfletagem foi realizada em toda a cidade divulgando a tomada e a resistência da área Paulo Bento, bem como conclamando a todos a se inserirem nas fileiras da Revolução Agrária, sob a direção da Liga dos Camponeses Pobres.

 A receptividade das massas da cidade foi impressionante, já que boa parte são de camponeses expulsos da terra ou daqueles que sob a direção do oportunismo amargaram durante anos a espera de uma reforma agrária que só ficou no papel. Com o panfleto na mão, os olhos brilhavam ao sentirem que, como os companheiros da área Paulo Bento, também poderiam conseguir um pedaço de terra.

Após a atividade de panfletagem e conclusão de levantamento da produção o último dia foi dedicado ao balanço entre estudantes, professores e os camponeses da área. Um agradecimento especial foi feito a todos e todas que dedicaram em receber em suas casas os participantes. O principal aspecto levantado foi o da importância da aliança operário e camponesa como alicerce da construção de uma Frente Única das classes revolucionárias para fazer avançar a Revolução de Nova Democracia. A juventude combatente encerrou o balanço com punhos cerrados e entoando a canção Jovem Guarda.

 Uma ativista do MEPR destacou: “Momento de despedida, mas ao mesmo tempo de expectativa quanto ao retorno à área em outro momento. Ao despedir-se dos camponeses, vendo se perder no horizonte as bandeiras da LCP e já deixando a cidade de Mirante da Serra, vimos uma pichação em muro que anunciava: VIVA A REVOLUÇÃO AGRÁRIA! É a certeza que a luta avança e somos parte dela”.

 

Construção do campo de futebol

Depois da primeira partida de futebol

Construção do ramal

Camponeses e estudantes na construção da ponte

Ponte após a construção 

 

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