Frente ao avanço da gravíssima crise sanitária e social agravada pela pandemia da Covid-19, ativistas do movimento estudantil combativo de Porto Velho (RO) conformaram, no dia 06 de maio, a Frente em Defesa da Saúde do Povo.
Reunindo entidades estudantis como o Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de Rondônia (DCE/UNIR), o Centro Acadêmico de Pedagogia da Universidade Federal de Rondônia (CAPED/UNIR) e organizações classistas, a Frente em Defesa da Saúde do Povo tem por objetivo organizar e incentivar iniciativas de criação de Comitês Sanitários de Defesa Popular nos bairros mais pobres da capital rondoniense.
Os Comitês Sanitários de Defesa Popular têm se constituído em importantes iniciativas para mobilizar e difundir a solidariedade de classe durante a pandemia, combater a crise sanitária e do velho Estado, além de lutar pela defesa dos direitos do povo à saúde pública, alimentação e moradia digna.
As primeiras reuniões da Frente realizaram uma discussão sobre a situação política do país e do mundo em meio à crise geral agravada pela pandemia, bem como o estudo das matérias do jornal A Nova Democracia sobre iniciativas similares e relatos de experiência de Comitês de outras regiões. Neste mesmo período, a Frente buscou arrecadar materiais para a confecção de máscaras de tecido 100% algodão e recursos para materiais de propaganda (panfletos).
Como parte das ações, a Frente em Defesa da Saúde do Povo promoveu, dia 11 de maio, uma grande panfletagem para trabalhadores que esperavam atendimento numa interminável fila na agência da Caixa Econômica Federal localizada no centro de Porto Velho.
Foram distribuídos exemplares antigos do jornal A Nova Democracia e um panfleto com o título A crise geral obriga o povo a lutar por seus direitos.
Os folhetos esclarecem que a crise atual não é provocada pela pandemia, mas que esta escancarou a crise geral do capitalismo em sua fase imperialista, monstruosa e genocida em todo o mundo, que se sustenta na destruição da natureza e da exploração do trabalho humano.
Denunciam ainda que quem trouxe a Covid-19 para o Brasil foram os ricos e que a culpa pela pandemia não ter sido contida em tempo é toda dos generais e do fascista Bolsonaro que comandam o país, submetendo o povo ao desemprego, à fome e ao genocídio causado pela doença devido à falta de hospitais, de testes para detecção do Novo Coronavírus, respiradores, atendimento médico, água potável, etc.
O texto impresso nos panfletos aponta também que a grande burguesia, o latifúndio e o imperialismo aceleraram seu plano de guerra contra o povo para salvar as grandes empresas e bancos, repassando-lhes trilhões de reais dos cofres públicos, enquanto retira do povo até o direito à vida. Também saudou o dia 1º de Maio classista e combativo, mostrando a necessidade da organização popular.
Desde o início das atividades da Frente em Defesa da Saúde do Povo, além das reuniões semanais, o DCE/UNIR já adquiriu 20 metros de tecido de algodão, elástico e linha junto ao Sindicato dos Médicos de Rondônia, além de outros materiais arrecadados entre professores e estudantes, para iniciar a produção de máscaras. Uma apoiadora de um bairro pobre disponibilizou uma máquina de costura e estudantes do curso de Pedagogia, Ciências Sociais, Direito e Letras da UNIR, passaram a confeccionar as máscaras.
Um bairro localizado na periferia da capital rondoniense foi definido como ponto de início para os trabalhos de organização dos Comitês Sanitários e, deste então, duas panfletagens já foram realizadas no local.
A população, majoritariamente pobre vive em condições precárias, sem saneamento básico, água tratada, acesso à saúde ou educação dignas e com estradas em péssimas condições.
Os casebres do bairro erguem-se pelas encostas e estendem-se por áreas alagadiças da periferia, tendo sido originado por ocupações que iniciaram-se nas décadas de 80 e 90 em um processo de intensa luta por moradia.
As panfletagens de casa em casa, ocorridas nos dias 21 e 25 de maio, foram recebidas com entusiasmo pelos trabalhadores que receberam edições antigas do jornal A Nova Democracia, máscaras e panfletos.
No momento da entrega dos materiais foi propagandeada a necessidade da mobilização a fim de buscar soluções para prevenção de contaminação da Covid-19 e ao mesmo tempo a organização em defesa dos direitos.
A produção de máscaras, sabão e organização de oficinas relacionadas à saúde, higienização e de autossustentação foram discutidas com a comunidade, onde muitos se apresentaram dispostos a se engajar na arrecadação de materiais e na produção.
Os moradores enalteceram a iniciativa, uma vez que se frisou que se tratava de uma atividade de solidariedade de classe, desvinculada do velho Estado e oportunistas de plantão que em anos de eleição aparecem para tentar enganar as massas.
As próximas iniciativas serão de caráter organizativo do Comitê, visando estender a ação para o bairro que tem mais de 10 mil habitantes e já registra óbitos, além de vários casos confirmados da Covid-19.