Fotos: Mário Venere
Na manhã da última segunda-feira, 8 de abril, dezenas de indígenas de diversos povos do sul do Amazonas, Noroeste do Mato Grosso e Rondônia, reuniram-se em Porto Velho (RO) para manifestar sua indignação diante da medida anunciada pela gerência vende-pátria e antipovo de Jair Bolsonaro de acabar com a saúde indígena, através da municipalização, desmontando a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas (PNASPI). Desde a última sexta-feira, 5 de abril, muitos indígenas iniciaram sua marcha, rumo à Porto Velho, para que, na segunda-feira, pudessem se manifestar.
A Universidade Federal de Rondônia (UNIR) – mesmo com a ameaça de grupos de extrema-direita – acolheu os indígenas nas dependências do Campus José Ribeiro. A solidariedade de estudantes, docentes, técnicos, organizações classistas e sindicatos mobilizou um esforço de todos para manter os indígenas nos dias em que se reuniam. Diversos grupos de pesquisa, chefias de Núcleos e Departamentos apoiaram a mobilização indígena com doações e emitindo notas de apoio. A solidariedade de classe demonstrada possibilitou aos indígenas receber colchões e alimentos, que até extrapolaram o necessário, sendo que o excedente será enviado ao Acampamento Terra Livre, em Brasília. O apoio com a saúde de indígenas que estavam doentes, as atividades propostas de divulgação e atividades culturais, como mostra de filmes, movimentaram o campus da universidade no final de semana.
O Comitê de Apoio ao jornal A Nova Democracia de Porto Velho esteve presente à Audiência e registrou alguns depoimentos de lideranças indígenas presentes. Também o Movimento Classista dos Trabalhadores em Educação (Moclate) esteve presente na audiência panfletando a Nota de Solidariedade aos Povos Indígenas. Em seu manifesto, conclamou “a todas as organizações populares e classistas a se somar na luta dos povos indígenas e na construção de um amplo movimento que unifique os trabalhadores do campo e da cidade, em torno de uma Greve Geral de Resistência Nacional, que rechace qualquer manobra de negociar a perda de direitos dos trabalhadores e em defesa dos direitos já suprimidos e dos demais ameaçados”.
A Audiência programada para a Câmara de Vereadores tinha por objetivo convocar parlamentares estaduais e federais para ouvir a reivindicação dos indígenas. Contudo, apenas alguns vereadores estiveram presentes e os indígenas manifestaram-se para um plenário lotado por eles e por apoiadores. Os presentes vibravam com intervenções de indígenas mais combativos que apontavam o caminho da luta e não da conciliação.
Muitas intervenções apontaram para a necessidade de radicalizar a luta, caso o governo militar de Bolsonaro – tutelado pelo Alto Comando das Forças Armadas reacionárias – não recue em suas investidas contra os povos indígenas. Ativistas da Liga dos Camponeses Pobres (LCP) denunciaram as ações de grileiros que têm invadido as terras indígenas de Rondônia, sobretudo, a T. I. Uru-eu-Wau-Wau e a T.I. Karipuna. A LCP também denunciou em sua nota a ação de ONGs vinculadas ao imperialismo que, além de caluniarem o movimento camponês, atuam para tutelar os indígenas e mantê-los no caminho da conciliação de classes e distantes da luta combativa. A Nota diz: “Reafirmamos nosso reconhecimento ao direito à autodeterminação dos povos indígenas! Reafirmamos nosso repúdio a qualquer invasão de territórios indígenas! E reafirmamos nossa decisão de apoiar a luta e resistência dos povos indígenas, de buscar alianças e efetivar esse apoio nos fatos, nos dispondo a lutar ombro a ombro na defesa de seus territórios ameaçados!”.