RO: ‘Justiça’ adia julgamento de policiais militares que assassinaram camponeses em 2016

Policiais MIlitares perseguiram cinco camponeses quando esses retornavam à Fazenda Tucumã, em Cujubim, para buscar utensílios que haviam sido deixados para trás após despejo das famílias.
Camponeses assassinados. Foto: Reprodução

RO: ‘Justiça’ adia julgamento de policiais militares que assassinaram camponeses em 2016

Policiais MIlitares perseguiram cinco camponeses quando esses retornavam à Fazenda Tucumã, em Cujubim, para buscar utensílios que haviam sido deixados para trás após despejo das famílias.

Às vésperas de completar 9 anos do desaparecimento de Ruan Hildebrandt Aguiar e assassinato de Alysson Henrique Lopes, a “Justiça” do Estado de Rondônia adiou novamente o julgamento dos Policiais MIlitares que perseguiram cinco camponeses quando esses retornavam à Fazenda Tucumã, em Cujubim, para buscar utensílios que haviam sido deixados para trás após despejo das famílias.

Três dos cinco rapazes conseguiram escapar com vida e Ruan foi visto, de acordo com um dos sobreviventes, caindo ao chão quando fugia dos disparos efetuados pelos militares a serviço do latifundiário grileiro Paulo Iwakami.

Relembre o caso que fez parte do terror promovido por fazendeiros e guaxebas em 2016

O ano de 2016 foi marcado por intenso terror policial-latifundiário, sobretudo após a nomeação do Coronel Ênedy Dias para o comando geral da PM do estado. No dia 23 de janeiro, foram assassinados os dirigentes camponeses Enilson Ribeiro dos Santos e Valdiro Chagas de Moura, de maneira brutal. Além de efetuados diversos disparos contra as lideranças, os pistoleiros esmagaram a cabeça de ambos com uma pedra.

Poucos dias depois, o monopólio de imprensa na região noticiou que diversos alunos de uma escola localizada na região não estavam frequentando-a, pois grupos de pistoleiros aterrorizavam as famílias: saques e roubos nas casas e em blitz nas estradas, morte de animais, toques de recolher e ameaças a motoristas dos ônibus escolares para não circularem próximo ao Assentamento Terra Prometida, em Ariquemes.

Na época, nota publicada pela Liga dos Camponeses Pobres denunciava tiroteio entre policiais: “No dia 3 de fevereiro, policiais que estariam procurando pelo outro jovem desaparecido abordaram uma caminhonete com quatro pistoleiros, dentre eles o 3º sargento PM Moisés Ferreira de Souza. A polícia apreendeu um arsenal de guerra numa caminhonete e na fazenda: uma submetralhadora 9 mm, 3 espingardas [calibre] 12, 1 espingarda [calibre] 28, 1 espingarda [calibre] 16, 1 revólver [calibre] 38, mais de 300 munições intactas de diversos calibres, carregadores, coletes balísticos, capuzes, 1 rádio transmissor. Zombando da inteligência do povo, a polícia disse que o sargento pistoleiro conseguiu fugir, após agredir um policial no pé, quando era colocado na viatura! Ele se juntou a vários pistoleiros que estavam escondidos na mata e que começaram a disparar contra os policiais”.

Pistoleiros. Foto: Reprodução

Posteriormente, um dos três jovens sobreviventes foi baleado gravemente por um capanga da fazenda; os jornalistas da região, Ivan Pereira Costa e Lucas Bueno, sofreram ataques a tiros, tendo Ivan sido baleado duas vezes e falecido em decorrência das feridas.

Impunidade: todos os acusados aguardam em liberdade

Em 2020, julgamento condenou a 30 anos, Rivaldo de Souza (executor); 30 anos, Moisés Ferreira de Souza (executor); 28 anos e perda de farda, o cabo da Polícia Militar Jonas Augusto dos Santos (executor) e os mandantes, o pecuarista Sérgio Sussuma Suganuma, condenado a 08 anos e 04 meses de prisão por intermediar a contratação dos executores. Contudo, a pedido do Ministério Público, o julgamento foi anulado e os acusados foram postos em liberdade. 

O próprio grileiro Paulo Iwakami foi absolvido ainda em 2017, mesmo tendo assumido que contratou três equipes de segurança privada para a fazenda, formada por policiais militares e pistoleiros.

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