As terras indígenas dos povos Karipuna e Uru-Eu-Wau-Wau estão sendo loteadas por grileiros e madeireiras ilegais no norte de Rondônia. Os invasores também vêm realizando uma série de ameaças e ataques contra a vida dos indígenas.
Na Terra Indígena (TI) Uru-Eu-Wau-Wau, terra indígena com processo de demarcação finalizado e situada entre 12 municípios de Rondônia, foram identificadas duas organizações criminosas, que roubavam madeira ilegalmente do território indígena, além de invadirem terra pública. O Ministério Público Federal (MPF) ajuizou 130 ações contra 160 empresas e pessoas suspeitas de uma série de crimes, entre eles furto de madeira, desmatamento de floresta pública, invasão de terra da União e corrupção ativa e passiva.
Segundo o MPF existem cerca de 500 cadastros ambientais rurais que se sobrepõe a TI Uru-Eu-Wau-Wau, nos quais as pessoas aguardam uma futura legalização da terra.
Já na Terra Indígena Karipuna, situada entre os municípios de Nova Mamoré e Porto Velho, os indígenas além de resistirem as ofensivas de grileiros e madeireiros, também enfrentam as ameaças e invasões de latifundiários e garimpeiros.
“Aqui no estado de Rondônia existiam imensas glebas antes das demarcações. Glebas Públicas Federais. E essa glebas eram administradas e geridas pelo Incra. Esses registros ainda existem no registro de móveis, mas existe uma certa sobreposição de glebas federais com terras indígenas já demarcadas. Isso leva a uma certa expectativa criada e incentivada por algumas pessoas, em geral estelionatários, de que essas terras poderiam ser, em algum momento, regularizadas, quando em verdade essa possibilidade não existe”, explicou o procurador federal Daniel Azevedo em entrevista a Agência Brasil.
Incêndio criminoso e tentativa de assassinato
A luta dos povos indígenas contra a ação de grileiros e madeireiras em Rondônia já resultou em uma série de ameaças e ataques contra estes povos.
No dia 29 de janeiro deste ano, a Aldeia Anderé sofreu um ataque criminoso que resultou na destruição de três casas dos makurap, em Alta Floresta D’Oeste. Ninguém saiu ferido, pois os indígenas estavam coletando castanha.
Na noite de 29 de novembro do ano passado, em Cacoal, o casal de indígenas Elisângela Dell-Armelina Suruí e Naraymi Suruí sofreu uma tentativa de assassinato quando regressava de moto para a sua casa na aldeia Paiter Suruí.