Está preso desde ontem (12) em regime fechado, por decisão do Tribunal de Justiça de Rondônia, o ex-presidente da Assembleia Legislativa, Maurão de Carvalho. O parlamentar é um conhecido latifundiário e complicado político estadual. Na condição de fazendeiro, juntou-se a outros que transgrediram leis e ocuparam reservas ambientais e extrativistas, incluindo a de Jacy-Paraná, a 80 quilômetros de Porto Velho.
Maurão é acusado de lavagem de dinheiro, entre outros crimes. Quando presidiu a Assembleia, mobilizou parlamentares para extinguir reservas ambientais e, numa só tacada, por decreto, conseguiu tirar quatro delas do mapa socioambiental de Rondônia. No entanto, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) obrigou-o a devolvê-las ao patrimônio estadual e o advertiu pela decisão.
Maurão, com domicílio eleitoral no município de Ministro Andreazza, se diz evangélico e tem notórias atuações contra a luta agrária no estado.
O Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO) informou que ele foi encaminhado a um presídio de Porto Velho, após passar por exame no Instituto Médico-Legal. Conforme o GAECO, sua condenação implica o cumprimento de pena de 11 anos e sete meses por crime de peculato e lavagem de capitais, decorrentes de investigações da Operação Dominó, da Polícia Federal.
Telefonemas gravados durante o exercício do mandato revelaram, em 2018, uma sórdida trama de Maurão com seu então colega de Parlamento, o PM Jesuíno Boabaid, para evitar a candidatura do ex-governador Confúcio Moura (MDB) ao Senado.
Por ironia, Maurão era emedebista. E o PM Jesuíno, julgando-se poderoso, disse (áudios gravados): “Eu quero matar ele (o então governador) e vou arrumar um cabra de peito que vai pressionar a Assembleia (…)”. Quando os áudios vazaram, denotando tentativa de extorsão, eles silenciaram. E o caso foi arquivado.
Conforme o Ministério Público, Maurão responde por um escandaloso esquema, conhecido como “folha paralela”, pelo qual nomeava servidores fantasmas na Assembleia. Pessoas que nunca foram vistas em postos de trabalho. Nesse esquema, o ex-parlamentar foi considerado culpado pelo desvio de R$ 590,69 mil e por ocultar os valores obtidos utilizando contas de empresas.
O grave na questão é que, ainda conforme apuraram procuradores, o próprio deputado presidente liderava o grupo com a participação de quase todos os 24 deputados estaduais. Ao todo, o golpe ao erário totalizou R$ 11,37 milhões, somados entre junho de 2004 a junho de 2005.
A prisão de Maurão decorre da condenação já transitada em julgado.