RO: Pistoleiros disparam contra mais de 30 famílias do acampamento Escurão, em Pimenta Bueno

RO: Pistoleiros disparam contra mais de 30 famílias do acampamento Escurão, em Pimenta Bueno

Print Friendly, PDF & Email

Milícias privadas do latifúndio estão atacando o acampamento Escurão, localizado no Lote 31, em Pimenta Bueno, no sul de Rondônia, a mando do antigo dono da propriedade. O acampamento, dirigido pela Liga dos Camponeses Pobres (LCP), existe desde 2016 e conta com mais de 30 famílias que lá vivem e produzem. As informações são da Associação Brasileiro dos Advogados do Povo – Gabriel Pimenta (Abrapo).

A Abrapo afirma que as famílias estão sendo atacadas constantemente com ameaças e disparos contra o acampamento, que conta com crianças e idosos. Uma moradora relata que os pistoleiros estão indo de casa em casa ameaçando os camponeses para que deixem os seus lotes “por bem ou por mal”. A Associação ainda afirma que a situação está tão grave que as famílias estão tendo que correr para dentro da mata para se livrar dos disparos de tiros vindos da segurança privada do latifúndio.

Denúncias são ignoradas e três camponeses são presos ilegalmente

A Polícia Civil (PC), ciente dos ataques no acampamento, não realizou nenhuma ação para resolver a situação impedindo os pistoleiros do latifúndio de prosseguir cometendo crimes contra o povo. Ao contrário, segundo a Abrapo, a PC prendeu ilegal e arbitráriamente três camponeses que denunciaram os ataques. Enquanto isso, os pistoleiros a mando do latifúndio seguem oprimindo, fustigando, ameaçando e atirando contra as famílias que lutam por um pedaço de terra para nela morar e trabalhar.

Produção dos camponeses no acampamento em 2021. Foto: Banco de dados AND

Famílias do acampamento foram alvos de perseguição em 2021

Os ataques da pistolagem e a perseguição do velho Estado aos camponeses em luta não é novidade no acampamento. No dia 17 de novembro de 2021, uma incursão da Polícia Militar (PM) de Rondônia no acampamento Escurão prendeu ilegalmente mais de 30 camponeses, dentre eles mulheres e até mesmo crianças. Depois das prisões, os policiais destruíram casas, barracos, roubaram motosserras e espancaram os moradores.

Na época, os camponeses foram acusados de maneira infundada e sem provas pela morte do latifundiário rondoniense Heladio Cândido Senn, o “Nego Zen”. As ações faziam parte de uma série de operações policiais desencadeadas principalmente no Norte do país, e visavam preparar uma guerra de grandes dimensões contra os camponeses que lutam pelo direito à terra. “Nego Zen” era conhecido por colecionar diversos inimigos, entre eles latifundiários e camponeses denunciaram que rumores apontavam que os autores do assassinato eram conhecidos dele, sócios seus em negócios criminosos como tráfico de diamantes e um desacerto na divisão dos ganhos de um garimpo.

Velho Estado segue atacando camponeses

Desde o início de 2023, de Norte a Sul do país, mais de 17 mil camponeses se levantaram em busca de um pedaço de terra para viver e produzir dignamente. As mobilizações e lutas camponesas contaram neste período com a ocupação das terras da latifundiária Suzano Papel & Celulose LTDA, com jornadas de tomadas de terra durante o “Carnaval vermelho” promovido pela Frente Nacional de Luta – Campo e Cidade (FNL). Tentando conter a luta pela terra, o velho Estado brasileiro, na figura do governo de turno Lula/Alckmin, se apressou em punir com assassinatos, prisões ilegais e perseguições, os camponeses e lideranças que participaram das mobilizações.

Logo no primeiro mês do ano, no dia 28/01, dois camponeses (Rodrigo Hawerroth e Raniel Barbosa Laurindo) foram torturados e assassinados em Nova Mutum-Paraná (RO). O covarde assassinato dos camponeses ocorreu quando a sede da fazenda Norbrasil, de “propriedade” do grileiro Antônio Martins, o “Galo Velho”, foi ocupada por mais de 100 famílias camponesas. Pouco mais de um mês depois, no dia 04/04, o velho Estado brasileiro, através da PC de São Paulo, prendeu as lideranças camponesas da FNL José Rainha Júnior, o Zé Rainha, e Luciano de Lima, em São Paulo.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
Agora, mais do que nunca, AND precisa do seu apoio. Assine o nosso Catarse, de acordo com sua possibilidade, e receba em troca recompensas e vantagens exclusivas.

Quero apoiar mensalmente!

Temas relacionados:

Matérias recentes: