RO: Polícia Militar leva repressão a população de Porto Velho após morte de agente

Ao menos 25 ônibus foram incendiados por membros de facção nos últimos dias
Foto: reprodução

RO: Polícia Militar leva repressão a população de Porto Velho após morte de agente

Ao menos 25 ônibus foram incendiados por membros de facção nos últimos dias

Uma escalada de conflitos entre a Polícia Militar (PM) e a facção Comando Vermelho tomou a capital de Porto Velho, Rondônia. Após a morte de um cabo da PM, na noite do último domingo (12/1), a polícia iniciou uma onda de operações de vingança que teve como vítima a população da cidade.

Logo na segunda-feira (13/1), a PM executou uma operação às pressas no Conjunto Habitacional Orgulho do Madeira, localizada no leste da capital. Em entrevista concedida ao correspondente local de AND, um morador que não quis se identificar afirmou que “desde às 5h30min da manhã, os policiais estavam revistando moradores que saiam para trabalhar. Mesmo fardados éramos xingados de vagabundo e coisas piores”. Depois da primeira incursão da PM no conjunto habitacional, membros da facção atearam fogo em um ônibus do transporte público, em resposta toda a frota foi recolhida à garagem.

As operações seguiram-se durante a noite resultando em prisões e mortes de membros da facção que responderam queimando outros cinco ônibus. Durante as incursões, moradores revoltados denunciaram que a PM realizou revista em crianças, na segunda-feira. 

Policiais são flagrados revistando crianças na segunda-feira (13/1). Foto: reprodução.

Já na terça-feira (14/1), a Polícia Militar seguiu realizando revistas em moradores, acessando os blocos em busca de esconderijos nos forros e circulando a cidade, sob tensão de um ataque à garagem da Companhia de Ônibus Municipal que atende Porto Velho. Apesar do envio da Força Nacional de Segurança pelo governo federal, se seguiu incendiando mais ônibus, sendo treze escolares e seis particulares, em União Bandeirantes e Jaci-Paraná.

Para uma moradora da zona leste de Porto Velho, “essas operações não foram planejadas do jeito certo, não teve nenhum preparativo para atacar pontualmente os criminosos, estão agindo às cegas. Tudo isso porque não queriam levar paz para os moradores do Orgulho, mas mostrar serviço e fazer vingança sem pensar no banho de sangue que isso pode se tornar”. Os fatos concordam com a moradora, uma vez que na quinta-feira (15/1), a PM passou a revistar os apartamentos de diversos moradores.

A notícia de que uma moradora havia sido reprimida pelos policiais circulou amplamente entre a população. A trabalhadora afirmou que “estava dormindo agora cedo, não escutei eles batendo em minha porta e quando levantei para abrir eles arrombaram e agrediram eu e meu esposo na frente da minha filha que é autista”. A moradora ainda questionou as motivações dos ataques, perguntando se “eles vieram para acabar com a criminalidade então por que estão fazendo isso com a gente que é trabalhador? Trabalho desde meus 14 anos, nunca fui do crime, sempre tive uma vida honesta”.

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