RO: Seringueiros denunciam ataques do latifúndio em Reserva Extrativista

No dia 23/09, um seringueiro da Resex Jaci-Paraná, em Porto Velho, teve a casa completamente destruída por um incêndio criminoso. O crime é associado ao latifúndio.
Casa de seringueiro foi completamente consumida por chamas. Foto: Eric Karipuna/G1

RO: Seringueiros denunciam ataques do latifúndio em Reserva Extrativista

No dia 23/09, um seringueiro da Resex Jaci-Paraná, em Porto Velho, teve a casa completamente destruída por um incêndio criminoso. O crime é associado ao latifúndio.

No dia 23 de setembro, a casa de um seringueiro da Reserva Extrativista (Resex) Jaci-Paraná, em Porto Velho (RO), foi completamente destruída por um incêndio criminoso atribuído a pistoleiros pagos por latifundiários locais. O seringueiro é vice-presidente da Associação Bem-te-vi e havia denunciado, antes do crime, a atividade de latifundiários na Resex. A denúncia é da Comissão Pastoral da Terra.

Segundo o seringueiro, todos os bens da casa foram destruídos, inclusive roupas, utensílios e objetos pessoais. Antes do incêndio, os camponeses da reserva já haviam denunciado uma série de ameaças por parte de latifundiários que buscam expulsar os seringueiros da Resex. 

Em agosto, um seringueiro sofreu ameaças de um pistoleiro que se dizia funcionário de um latifúndio localizado na reserva. Acumulam-se também denúncias de grilagem, criação de gado na reserva e grandes queimadas promovidas pelos latifundiários para expansão de pasto. Neste ano, as queimadas promovidas principalmente por latifundiários atingiram novos recordes na região amazônica

A instalação de fazendas na Resex é proibida, mas mesmo assim existem pelo menos 765 delas na reserva, segundo dados do estado de Rondônia. São em sua maioria latifúndios pecuários ligados a grandes latifundiários da região, que promovem sucessivos ataques aos camponeses locais à revelia do governo rondoniense, ou até mesmo em conluio com as instituições do Estado, sobretudo a polícia e as forças militares reacionárias.

Em 2021, deputados estaduais de Rondônia tentaram aprovar um projeto de lei pró-latifúndio que buscava reduzir em mais de 60% a área da Resex, substituindo a reserva por outras unidades de conservação menores na proporção da área total e menos abundantes em recursos naturais extraídos pelos camponeses. O projeto foi barrado, mas a ofensiva latifundiária na Resex continuou vigente.
Essa situação não é restrita à Resex. Atualmente, milhares de massas camponesas resistem em Rondônia contra os ataques de latifundiários no estado, e a situação se estende por toda a região amazônica. No mês passado, denúncias da Liga dos Camponeses Pobres (LCP) ganharam grande vulto ao condenar o assassinato de dois camponeses na região do Humaitá, no Amazonas, e ataques pistoleiros contra um acampamento entre Cujubim e Rio Preto, em RO. Ambos os ataques foram associados a latifundiários de extrema-direita. No mês seguinte, a mesma organização emitiu um comunicado no qual conclamava os camponeses a resistirem aos bandos armados dos latifundiários.

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