RO: Trabalhadores denunciam precarização do Hospital João Paulo II: “A chuva cai mais dentro do que fora”

Goteiras e infiltrações sempre marcaram o dia a dia da unidade, mas a situação se agravou após parte do teto do hospital desabar durante chuva.
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RO: Trabalhadores denunciam precarização do Hospital João Paulo II: “A chuva cai mais dentro do que fora”

Goteiras e infiltrações sempre marcaram o dia a dia da unidade, mas a situação se agravou após parte do teto do hospital desabar durante chuva.

Servidores da saúde do Hospital João Paulo II denunciam em uma série de relatos o estado de precarização da unidade hospitalar. Fotografias e vídeos circulam mostrando pacientes flagrados jogados ao chão, sendo atendido em corredores, além de que ratos e baratas circulam o hospital, além de banheiros inativos transformados em locais de trabalho.

Ao Correspondente Local do AND, trabalhadores da saúde denunciaram as condições a que pacientes, familiares e demais trabalhadores são submetidos. São graves problemas estruturais que comprometem a segurança e o bem-estar tanto dos pacientes quanto dos servidores. Goteiras e infiltrações sempre marcaram o dia a dia da unidade, mas a situação se agravou recentemente, após parte do teto do hospital desabar durante uma chuva ocorrida no dia 14 de janeiro.

“Tudo ocorreu porque as telhas haviam sido removidas para uma reforma que estava acontecendo no setor ao lado, chamado PS-2. Os responsáveis removeram as telhas e provisoriamente colocaram uma lona para cobrir enquanto terminavam o serviço. No dia choveu demais, a lona não aguentou e, obviamente, alagou toda a laje, que infiltrou para diversos setores, como o laboratório, a observação e o saguão”, informa um trabalhador. “No dia seguinte, já estavam tentando organizar as coisas e fazer as máquinas funcionarem. Mesmo com a interdição dos bombeiros e o risco de mais partes da laje caírem”.

A situação degradante foi mais uma vez denunciada por trabalhadores, pacientes e familiares presentes. De acordo com uma funcionária, “Neste dia, perdeu-se muitos materiais. Computadores ficaram alagados, monitores, etc. Aparelhos caríssimos conseguidos com muita luta correram sérios risco de danificar”. O caso foi tratado pela Secretaria de Saúde com o mesmo descaso. Em nota, limitou-se a dizer que “todas as unidades de saúde do estado contam com equipes técnicas disponíveis 24 horas para garantir a segurança e o conforto de pacientes”.

De fato, no hospital, os funcionários são pressionados a manterem o trabalho mesmo nas péssimas condições de funcionamento. Conforme uma trabalhadora, “as chefias insistem em nos manter no local mesmo com a chuva caindo mais dentro do que fora, com materiais mal armazenados, ao lado de ratos, baratas, mofo, água de chuva etc”.

Segundo a servidora, “as goteiras sempre existiram no Hospital, houve episódios em que muita chuva caia e a água escorria pelos corredores. Muitas vezes com pacientes lá. Eles [o Estado] sempre dizem que está sendo resolvido, mas nunca resolvem, apenas camuflam”. A palavra camuflar também foi utilizada por outro servidor. Ao Correspondente-local de AND afirmou que “o local sempre passou por reformas constantes, que apenas camuflam o problema, pois são feitas por reeducandos, que não são profissionais qualificados para resolverem problemas mais profundos. Sempre é tudo feito na famosa gambiarra. O que surpreende é como o prédio ainda está em pé”.

Enquanto isso, “o diretor do Hospital anda para cima e para baixo usufruindo de uma Hilux do Estado para uso pessoal. A mesma não possui plotagem (adesivos do Estado), pois ele mandou retirar. Isso é crime! Anda nela com gasolina, pneus, e manutenções todas feitas pelo Estado. E tudo para usufruto pessoal”. 

Trabalhadores se mobilizam contra estado de precarização 

A gravidade da situação, no entanto, não é nova. No dia doze de dezembro do ano passado, trabalhadores da saúde do estado de Rondônia realizaram uma manifestação organizada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do Estado de Rondônia (SINDSAÚDE-RO), denunciando a precarização da saúde pública no Estado. Entre as demandas estavam a reposição de perdas salariais, melhorias nas condições de trabalho e, principalmente, a construção do Novo Hospital João Paulo II (Heuro), cujas obras estão paradas desde 2019.

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